Summary: | Apresenta-se uma síntese dos resultados das escavações arqueológicas efectuadas pelos autores em três olarias romanas do Baixo Sado: Largo da Misericórdia, em Setúbal, Abul A e Pinheiro. A primeira funcionou na época de Tibério-Cláudo; a segunda, entre Tibério-Cláudio e meados do século III e a do Pinheiro entre o terceiro quartel do séc. I e meados do séc. V. Foram identificados três grandes tipos de fornos: circulares, que produziram ânforas e cerâmica comum (nas três olarias); pequeno forno quadrangular especializado na cozedura de opérculos de ânforas (no Pinheiro); grande forno rectangular destinado à cozedura de tijolos e telhas (no Pinheiro). Os fornos circulares subdividem-se, segundo a classificação de DUHAMEL (1974), em Ia, com data da primeira metade do séc. I (Largo da Misericórdia), e Ib, do 3.º quartel do séc. I ao séc. V (Pinheiro). No decurso do Baixo Império, os fornos circulares ocorrem isolados (não geminados, ao contrário do que se verifica no Alto Império); a frontaria de pedra está ausente; o praefurnium é tendencialmente mais longo; a câmara de aquecimento torna-se progressivamente mais pequena; a qualidade da construção degrada-se. Também no que se refere à produção anfórica se nota uma evolução: no Alto Império, a partir de Tibério-Cláudio fabrica-se um único tipo – a ânfora Dressel 14 em três variantes sucessivas (A, nos 2.º e 3.º quartéis do séc. I; B, na 2.ª metade do séc. I e 1º quartel do séc. II; e C, no séc. II); na passagem do séc. II para o III, produzem-se a Dressel 14 tardia e a variante A da Almagro 51c; ao longo do Baixo Império surgem os tipos Almagro 51c nas variantes B (sécs. III e IV) e C (sécs. IV e V), Almagro 50 (sécs. III-V), Sado 1, nas variantes A (séc. III e 1ª metade do IV) e B (2ª metade do séc. IV - séc. V), Sado 2 (séc. V), Almagro 51a-b (da 2.ª metade do séc. IV ao séc. V) e Sado 3 (séc. V).
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