Vivências significativas dos pais em luto por perda gestacional: impacto na família

A morte fetal não é um problema confinado à mulher que perdeu o seu bebé, mas também para o pai e para os demais membros da família. A literatura revela que a família precisa e deseja a validação, o reconhecimento da sua perda gestacional e o apoio nas estratégias para lidar com ela. Neste sentido,...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Moreira, Isabel Celina Machado Garcez (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2019
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10348/9335
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.utad.pt:10348/9335
Description
Summary:A morte fetal não é um problema confinado à mulher que perdeu o seu bebé, mas também para o pai e para os demais membros da família. A literatura revela que a família precisa e deseja a validação, o reconhecimento da sua perda gestacional e o apoio nas estratégias para lidar com ela. Neste sentido, pretendeu-se fazer uma análise da narração de vivências significativas para dar resposta à questão de investigação: “Quais as vivências significativas nos pais com perda gestacional, que têm impacto na dinâmica familiar?”. Pretendemos, assim que os resultados contribuam para a consciencialização da importância do reconhecimento e validação da morte fetal, e que favoreçam a adoção de estratégias que proporcionem ajuda e suporte à família em luto. Utilizámos a narração de vivências significativas que têm a sua origem na metodologia da narração de incidentes críticos. O instrumento de recolha de dados foi constituído por questões de caracterização dos participantes e um guião de entrevista semiestruturada, que foi gravada em áudio. No total foram realizadas catorze entrevistas, quando obtida saturação de dados. No tratamento de dados, recorreremos à análise de conteúdo seguindo os passos metodológicos sugeridos por Bardin (2016), com apoio informático do software Word e Excel, de forma a editar, visualizar, interligar e organizar os documentos. Com esta análise concluímos que na perda gestacional, os pais, mulher e homem, vivenciaram sentimentos de angústia, dor e incompreensão independentemente da idade gestacional. Perante este evento, estiveram presentes transformações de sentimentos, na relação do casal que foram de união ou desvinculação. A família e amigos foram a rede de apoio informal e a equipa de saúde a formal, a quem os pais recorreram quando identificaram nestes o reconhecimento da sua perda gestacional. Os pais consideraram essencial o papel dos enfermeiros, porém referiram que as ações evidenciadas por estes, nem sempre foram facilitadores neste processo de luto. Assim, concluímos que a perda de um filho antes do nascimento tem impacto emocional para a mãe e para o pai, independentemente da idade gestacional. O reconhecimento do luto materno e paterno por parte dos familiares, da equipa de saúde e da sociedade é um dos primeiros passos para fornecer um apoio adequado. A compreensão aprofundada do fenómeno da perda gestacional e do processo de luto fornece aos profissionais de saúde conhecimentos que lhes permitirão adotar atitudes e comportamentos adequados. Destes, destacam-se a importância de um atendimento individualizado, humanizado com enfoque nos cuidados prestados pela equipa de saúde no apoio e suporte através da escuta ativa, empatia e no diálogo, fornecendo as informações solicitadas e necessárias, de forma clara e esclarecedora, evidenciando disponibilidade.