Summary: | A deficiência prolongada de iodo prejudica de varias maneiras a saúde, provocando frequentemente danos no cérebro e atraso mental nas crianças que podem ser irreversíveis, problemas da função reprodutiva, uma menor sobrevivência das crianças, o bócio, contribuindo assim para a estagnação sócio económica. Mais de 12 % da população mundial vive em zonas do globo com insuficiência de iodo, na sua maior parte em países em vias de desenvolvimento, sendo que São Tomé e Príncipe se encontra inserido nesta zona geográfica. Embora possa ser prevenido, o bócio endémico é ainda um problema de Saúde Publica, como se verifica em São Tomé e Príncipe e em vários outros países em desenvolvimento. O presente trabalho traça um panorama de informação sobre a deficiência de iodo em São Tomé e Príncipe e sobre a prevalência do bócio. O estudo reporta a dados recolhidos pelo autor em 2001 e demonstra que o bócio endémico, embora continuando a ser um problema nacional de Saúde Publica, mostrou uma diminuição importante no bócio clinicamente visível em crianças na idade escolar, já que passou de 5% em 1993 para 0,4% no ano 2001. Apesar disso, o bócio total, ou seja todos os diferentes graus de bócio, ainda mantém valores elevados. Os programas de suplementação do iodo ao sal levaram ao aumento per capita do consumo deste nutriente, o que contribuiu para esta melhoria significativa. O estudo refere-se ainda ao alto consumo de alimentos bociogénicos que possivelmente comprometem a fixação do iodo. Por fim, são apresentadas várias recomendações a implementar no Programa de Combate aos Distúrbios por Deficiência de Iodo em S. Tomé e Príncipe, com vista à sua erradicação com sustentabilidade científica. A orientação à população em geral e em particular aos alunos escolares, para a importância do iodo para o ser humano, bem como a orientação para o consumo de alimentos ricos em iodo, poderá contribuir para uma melhoria nutricional da população carente em iodo. Neste contexto, a escola e a saúde tem um papel crucial na prevenção, promoção e erradicação do bócio endémico, tanto em crianças, como na comunidade.
|