Ninguém dá trabalho aos ciganos! : estudo qualitativo sobre a (des)integração dos ciganos no mercado formal de emprego

Os ciganos são acusados de não trabalharem nem de aceitarem as propostas de emprego e formação feitas pelas entidades formais de emprego. Para compreender os meandros desta questão estudámos a relação entre pessoas ciganas, o emprego e as entidades empregadoras em Portugal. Foram estudadas as pessoa...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Pereira, Isabel Teresa Ferreira (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2016
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.2/5224
Country:Portugal
Oai:oai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/5224
Description
Summary:Os ciganos são acusados de não trabalharem nem de aceitarem as propostas de emprego e formação feitas pelas entidades formais de emprego. Para compreender os meandros desta questão estudámos a relação entre pessoas ciganas, o emprego e as entidades empregadoras em Portugal. Foram estudadas as pessoas ciganas inscritas no Centro de Emprego e Formação Profissional de Entre Douro e Vouga para saber se estes inscritos obtêm respostas (ou não) para a integração no mercado formal de trabalho, para deixarem de ser “assistidos” do Estado. A situação de desemprego é um “estatuto” relativamente recente atribuído aos ciganos e resulta dessa relação formal com as entidades públicas, responsáveis pela gestão de políticas sociais e de emprego. Esse “estatuto” é vivido pelas pessoas ciganas com uma certa resignação perante uma sociedade que, aparentemente, não consegue apresentar propostas exequíveis e possíveis de concretizar. Nas sociedades contemporâneas as qualificações profissionais e o nível de escolaridade são essenciais para a definição de estatuto social. Qual a valorização possível para os que não conseguem entrar no mercado do emprego, como é o caso das pessoas ciganas? Na senda de compreender este fenómeno, foi desenvolvido um estudo de caso exploratório, de caráter qualitativo, com recurso a entrevistas semidiretivas em profundidade a diferentes atores: indivíduos ciganos inscritos no centro de emprego, em três concelhos da sua área de abrangência; técnicos do centro de emprego e a representantes de entidades empregadoras. Os resultados indicam que as pessoas ciganas não se revêm nas poucas propostas que lhes são feitas em termos de formação e de emprego. Em termos de formação, as ofertas quase nunca significam um real aumento de qualificações e quanto às ofertas de emprego elas são praticamente inexistentes. Por parte dos técnicos e dos representantes das entidades empregadoras é surpreendente o desconhecimento sob o ponto de vista cultural e a falta de ofertas ajustadas aos inscritos. A “ciganofobia” (Bastos et al., 2007) é frequente no mercado do trabalho “normal” mas também o é no mercado de trabalho protegido, nas instituições oficiais de regulação e gestão de emprego e formação profissional. A responsabilização pela precária situação socioprofissional recai quase sempre sobre as pessoas ciganas e não sobre as entidades formais de emprego e dos empregadores, no entanto, a nossa principal conclusão aponta no sentido de que ninguém dá emprego aos ciganos!