Summary: | O esforço de adaptação a uma diferente comunidade linguística, pode representar um aumento do stress emocional, com consequências ao nível da saúde. A escrita expressiva sobre experiências emocionalmente desestabilizadoras tem registado benefícios ao nível da saúde, sendo que, nos bilingues, a proficiência pode influenciar a escolha da língua de expressão. A literatura refere a preferência dos bilingues para expressarem as suas emoções na sua língua de maior proficiência (P1). No entanto, não foi provado que a P1 seja mais emocional que uma língua onde a proficiência seja menor (P2). No presente estudo, pretendemos verificar o efeito da escrita expressiva e do estatuto de proficiência na língua de expressão, na activação emocional dos bilingues. Trinta e quatro jovens adultos bilingues, foram distribuídos aleatoriamente por quatro condições. Escreveram durante três dias, 20 minutos por dia, sobre experiência(s) traumática(s) ou sobre um tema trivial (grupo de controlo), na sua P1 ou P2. Através de um design experimental inter-sujeitos, avaliámos os efeitos da escrita expressiva e do estatuto de proficiência na língua de expressão, sobre a auto-percepção de sintomas físicos, a afectividade positiva e a afectividade negativa (indicadores da activação emocional). Os bilingues que escreveram sobre experiência(s) traumática(s) reportaram uma maior presença de sintomas físicos e uma maior afectividade negativa, em comparação com o grupo de controlo. Os bilingues que escreveram sobre experiência(s) traumática(s) na sua P2 reportaram uma maior presença de sintomas físicos, em relação ao bilingues que escreveram sobre experiência(s) traumática(s) na sua P1 . Concluindo, a escrita expressiva teve um efeito sobre a activação emocional nos bilingues, existindo um efeito combinado entre a escrita expressiva e o estatuto de proficiência da língua de expressão, sobre a auto-percepção de sintomas físicos.
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