Representações sobre o uso da língua cabo-verdiana em aula de português

A presente investigação centra-se sobre as representações dos professores acerca do recurso à Língua Cabo-Verdiana na aula de Língua Portuguesa. O contexto de intervenção é a Escola Secundária Manuel Lopes, situada no bairro de Calabaceira na cidade da Praia. Para o estudo de terreno, fizemos a reco...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Gomes, Maria Amélia Rodrigues de Carvalho (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2011
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/1361
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/1361
Description
Summary:A presente investigação centra-se sobre as representações dos professores acerca do recurso à Língua Cabo-Verdiana na aula de Língua Portuguesa. O contexto de intervenção é a Escola Secundária Manuel Lopes, situada no bairro de Calabaceira na cidade da Praia. Para o estudo de terreno, fizemos a recolha de dados através de questionário e entrevista. Para melhor enquadramento do contexto onde decorreu a pesquisa, descrevemos o contexto sociolinguístico e educativo, aquele no qual tem lugar a presente investigação, de modo a fornecer informações referentes às duas línguas que coabitam em Cabo-Verde: o português e a língua cabo-verdiana (LCV). Incidimos principalmente sobre o estatuto e o papel de cada uma delas e a problemática da valorização da segunda, sempre relacionado com o ensino e aprendizagem do português. Esta investigação assenta na ideia de que, devido à natureza social das representações, elas oscilam de indivíduo para indivíduo, em relação com as suas histórias e percursos de vida, e influenciam os seus comportamentos, neste caso, as suas práticas educativas. Assim, parte-se de princípio que as representações que os professores têm acerca do uso da Língua Materna no processo de ensino/aprendizagem do Português estão presentes no modelo de ensino que adoptam e na forma como gerem as situações de bilinguismo nas suas práticas lectivas. Neste quadro, além de descrever as representações que os professores da referida escola têm sobre a utilização da língua materna nas aulas de Português, como base nos dados recolhidos, analisámos também a forma como essas representações se relacionam com os seus perfis profissionais. Para além disso, procurámos saber quais são os factores que estão por detrás dessas representações. Para melhor enquadrar o estudo, abordámos as principais noções teóricas que são mobilizadas no trabalho empírico. Assim, procedemos à precisão conceptual sobre as expressões LM e L2, reflectimos sobre a presença e o valor da LM em aula de L2, dando um breve panorama histórico do modo como o uso da LM foi encarada nas várias metodologias de ensino e aprendizagem que foram surgindo. Procurámos ainda dar conta das investigações concretas que foram desenvolvidas sobre esta questão. Incluímos ainda uma síntese sobres o valor dos estudos sobre as representações dos professores acerca da utilização da LM na aula de L2. Neste âmbito, para além de definirmos o conceito de representação na óptica da Didáctica das Línguas, reflectimos sobre o papel e as implicações didácticas das representações nas práticas profissionais. Levamos em conta que elas importam informações sobre o funcionamento dos sistemas pedagógicos representados pelos diversos informantes; que constituem forma de fazer os inquiridos reflectir sobre as suas práticas e que constituem conceitos-chave na concepção e operacionalização de qualquer programa de educação e formação em língua. Deste modo, o seu estudo é importante não só para a Didáctica das Línguas como também os sistemas de formação e para as políticas linguísticas, no que se relaciona com a tomada de medidas com vista à melhoria de qualidade de ensino da língua portuguesa. Finalmente, os resultados dos questionários e das entrevistas demonstram que os professores acreditam que o uso da LM não põe em causa a aprendizagem da LP2 e que pode mesmo ser um recurso, como diversas funções e modalidades, a utilizar na aula, apoiando esta representação nas particularidades do contexto linguístico cabo-verdiano. Evidenciam, contudo, alguma insegurança a este respeito, já que consideram que não possuem conhecimentos teóricos nem formação suficiente para tomar decisões práticas sustentadas.