Resumo: | Cerca de uma década depois do primeiro contacto português com a mítica “Taprobana”, realizado em 1506, foi estabelecido um posto fortificado para comércio em território cingalês, junto ao Reino de Cota, no sudoeste da ilha de Ceilão. Aos poucos a presença portuguesa foi-se estendendo para norte e para sul, ao longo do litoral, chegando de Matara (no sul) até Jafanapatão (no norte), e penetrando para o interior até Manicavaré, Sitavaca e Sofragão, a meio caminho de Candia, capital do reino cingalês. Esta expansão do poderio português no Ceilão foi feita a partir de bases fortificadas: Columbo, Negumbo, Calituré, Gale, Maturé, Chilão, Manar e, no final do século XVI, Jafanapatão, a que se juntou no início do século seguinte Triquinimalé e Batecalou, na costa nordeste e leste da ilha. Porém, o fim da hegemonia portuguesa no Ceilão começou a revelar-se no início do século XVII, tendo a ameaça holandesa surgido na ilha nos inícios do segundo quartel desse século, com a tomada das praças mais orientais; em poucos anos todos os territórios portugueses na ilha acabaram por cair sob domínio neerlandês. Desde então instalou-se a crença de que as obsoletas fortificações portuguesas foram totalmente demolidas e reconstruídas depois, mais aperfeiçoadamente, pelos holandeses. Porém, tal poderá ter sucedido de um modo distinto, deturpado em prol da mitificação holandesa: existem mais fortificações portuguesas no Sri Lanka do que geralmente se pensa. Pretende-se desvelar esta problemática mediante propostas que visam demonstrar a permanência de várias fortificações portuguesas, algumas equivocadamente designadas como holandesas, comparando-as com descrições e iconografia históricas, bem como com outras fortificações portuguesas no Oriente. Percebe-se assim que a origem dessas fortificações poderá afinal ser portuguesa, permitindo apresentar um conjunto de hipóteses que sirvam de mote para o debate sobre a verdadeira origem de muitas das fortificações no Sri Lanka atribuídas aos holandeses.
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