Summary: | Configurando-se tradicionalmente o parto como um acontecimento conduzido por parteiras, em que só excepcionalmente e perante dificuldades extremas se apelava a um médico, nos casos em que ambos estavam presentes manifestava-se uma distinção fundamental entre as práticas mé- dicas utilizadas por uns e outros. Tendo esta divergência em mente, analisamos nas Curationum medicinalium centuriae de Amato Lusitano e no De universa mulierum medicina de Rodrigo de Castro Lusitano, as fontes gregas e romanas que os autores referem ao descreverem os partos distócicos — em especial, os tratados hipocráticos De mulierum affectibus e De superfetatione e os Gynaikeia de Sorano — e como o discurso de ambos reforça a importância do saber médico no contexto das dificuldades que é forçoso enfrentar nestas circunstâncias.
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