Summary: | Hoje, as nossas cidades vivem numa total desordem, nomeadamente social, ambiental, económica, patrimonial e até mesmo vivencial. Deste modo, aquilo que no passado era considerado como garantido, atualmente, deixou de o ser devido às alterações urbanas que afetam a vida das pessoas. É certo que as necessidades vivenciais vão-se alterando, tal como o modo como vivemos, a própria forma de apropriação do espaço urbano, ou seja, tudo se encontra em constante desenvolvimento e alteração, o que origina as novas funções urbanas a partir dos diferentes usos daquilo que nos rodeia, como habitar, trabalhar, e também o lazer. Por força de tudo isto, surge a regeneração urbana como uma forma de regenerar os tecidos que deixaram de funcionar na sua velha forma. Assim, a Arquitetura enfrenta novos desafios traduzidos no fenómeno da regeneração urbana. Posto isto, estudamos a habitação como elemento fundamental da regeneração de centros urbanos. Assim, partimos do entendimento da desertificação dos centros urbanos, pela força da desarticulação funcional, entre a função habitar, a função comercial e os serviços, na perspetiva de autores como Victor Neves, Maria Milano, António Cabrita, entre outros. De forma a confrontar estas perspetivas, olhamos para casos de estudo como o projeto de reabilitação da Casa do Conto, do Atelier Pedra Líquida e a reconversão do Palheiro a Habitação, do Arquiteto João Mendes Ribeiro. Assim sendo, entendemos o fenómeno da regeneração de centros urbanos, partindo da perspetiva dos diversos autores e dos casos de estudo de reabilitação, porque acreditamos que a regeneração se faz por via da reabilitação das unidades da habitação existentes no local, de modo a trazer as pessoas e a vincula-las a esses mesmos espaços. Desta forma, conjugamos os valores da regeneração com o ensaio projetual que decorre no centro urbano do Bairro da Beira-mar, na cidade de Aveiro, onde reabilitamos e introduzimos habitação em contexto urbano, no sentido de dinamizar o local. Nesta perspetiva, achamos lógico a introdução de uma Residência de Estudantes, procurando atrair a população mais jovem, de modo a conciliar sinergias para e com as vivências futuras, garantindo que a necessidade de habitação resulte também na procura de conteúdos complementares, como é o caso dos espaços de trabalho, bem como os espaços lúdicos e de lazer. É importante também referir a adaptação do edifício às formas e ao carácter de toda a zona, garantindo assim, o total respeito pelo centro urbano. Surge assim numa tentativa de resgatar as vivências urbanas, aproximando a sociedade da sua realidade, dos seus valores e do seu património arquitetónico, que o tempo faz questão de esquecer. Assim, chegamos à conclusão de que efetivamente a habitação é um fator fundamental para regenerar centros de cidade, no entanto é necessário alia-la a outros valores como fatores de atratividade para o desenvolvimento local nos mais diversos níveis.
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