Summary: | A crescente demanda por novos e melhores produtos levou a um desenvolvimento exponencial de novos nanomaterials (NM) manufacturados desde a década de 90. A corrente massificação de NM em produtos de uso quotidiano promove o contacto entre NM e o ambiente com possíveis efeitos adversos para os ecossistemas. O trabalho apresentado pretende sugerir qual o NM de ácido poliacrílico hidrofobicamente modificado (HMPAA) menos prejudicial para o ambiente de entre seis HMPAA NM, dos quais um (HMPAA5) é atualmente comercializado, com o intuito de contribuir para a agenda da União Europeia em Nanosegurança: Inovações em nanotecnologia e nanomaterials sustentáveis e seguros. As seis variações de NMs HMPAA foram obtidos através da modificação de conformações reticuladas e inserção de grupos hidrofóbicos em diferentes posições do NM. Cada variação de suspensões HMPAA foi caracterizada através da utilização de técnicas de espalhamento dinâmico de luz e medidos os valores de condutividade e pH. A caracterização ecotoxicológica dos seis NMs foi feita recorrendo a uma bateria de ensaios padrão, letais e sub-letais, com espécies de diferentes grupos taxonómicos e funcionais, com o objetivo de aferir diversos graus de sensibilidade: (i) Vibrio fisheri, (ii) Raphidocelis subcapitata e Chlorella vulgaris, (iii) Brachyonus calyficlorus, (iv) Daphnia magna, (v) Pelophylax perezi. As concentrações que causaram 50% e 20% de efeitos foram computorizadas para cada ensaio (LC50 para mortalidade e EC50/EC20 para efeitos sub-letais). Os valores de LC e EC variaram entre 0.75 mgL-1 e 2000 mgL-1 para todas as espécies e NMs. No geral, a espécie mais sensível testada foi a bactéria Vibrio fischeri, enquanto Pelophylax perezi, foi a mais tolerante. HMPAA1 e HMPAA2 foram, de todos os testados os NM mais tóxicos. Pelo contrário, HMPAA5 e HMPAA6 foram, no geral, os menos tóxicos para os organismos testados. Para as duas espécies de algas, HMPAA5 foi o NM menos tóxico e HMPAA6 o menos tóxico para Vibrio fischeri, Brachyonus calicyflorus e Raphidocelis subcapitata. Sugerimos que as industrias desenvolvam NM HMPAA com grupos hidrofóbicos (curtos e longos) na sua superfície, uma vez que esta conformação parece induzir menos efeitos negativos nos ecossistemas, mantendo a funcionalização do NM e assim contribuindo para o desenvolvimento de uma nanotecnologia mais “verde”.
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