O potencial ecológico do medronheiro em Portugal

O medronheiro é abundante de norte a sul de Portugal e tem um grande potencial económico e ambiental é, no entanto, uma espécie ainda pouco conhecida do ponto de vista ecológico, genético e cultural. É um arbusto ou árvore pequena, autóctone, tolerante ao stresse hídrico, a solos de baixa fertilidad...

ver descrição completa

Detalhes bibliográficos
Autor principal: Quinta-Nova, L.C. (author)
Outros Autores: Roque, N. (author), Ricardo, A. (author), Ribeiro, M.M.A. (author)
Formato: conferenceObject
Idioma:por
Publicado em: 2015
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.11/2818
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.ipcb.pt:10400.11/2818
Descrição
Resumo:O medronheiro é abundante de norte a sul de Portugal e tem um grande potencial económico e ambiental é, no entanto, uma espécie ainda pouco conhecida do ponto de vista ecológico, genético e cultural. É um arbusto ou árvore pequena, autóctone, tolerante ao stresse hídrico, a solos de baixa fertilidade e com uma resistência ativa a incêndios florestais. O medronho é utilizado na produção de aguardente, a principal fonte de rendimento, e o seu consumo em fresco, com potencial antioxidante, representa uma nova oportunidade. A planta pode ainda ser utilizada na indústria farmacêutica, pois apresenta propriedades antissépticas e diuréticas. Esta espécie surge, habitualmente, sob a forma de matagais em vertentes e barrancos, originando os chamados medronhais. No entanto, ocorre também associado a azinhais e sobreirais e, mais raramente, a pinhais. É pouco exigente em termos de solos, por isso, aparece espontaneamente em diversos tipos de solos, incluindo áreas rochosas.A Escola Superior Agrária de Castelo Branco (ESACB) participa no Projeto ARBUTUS (PTDC/AGR-FOR/3746/2012: Melhoramento das plantas e da qualidade dos produtos de Arbutus unedo L. para o sector agroflorestal) com outras instituições, a Universidade de Coimbra, a Escola Superior Agrária de Coimbra e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, no âmbito do qual se iniciaram estudos que têm como objetivo final fornecer aos produtores plantas de qualidade para serem exploradas em termos agrícolas, industriais e mesmo medicinais. O projeto teve início com seleção e caracterização de plantas boas produtoras de fruto, junto dos proprietários, com a colaboração da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro e associações de produtores florestais. Em simultâneo, foram recolhidas amostras de plantas em quinze medronhais representativos da espécie no país, para avaliar a diversidade genética da espécie no território nacional. Como não existem muitos estudos que relacionam os fatores ecológicos com os padrões de diversidade genética desta espécie, a equipa da ESACB efetuou uma caracterização biofísica e ecológica dos medronhais estudados. Foram criados núcleos agregando as árvores amostradas em cada povoamento, com recurso a um Sistema de Informação Geográfica. Caracterizaram-se, para os 15 núcleos, vários parâmetros, designadamente o relevo, o solo, o histórico de incêndios, a vegetação atual e potencial associada aos povoamentos. Paralelamente foi realizada uma caracterização bioclimática. A análise destes fatores edafoclimáticos com recurso a ferramentas estatísticas permitiu perceber melhor o potencial ecológico desta espécie, sabendo quais os fatores ambientais que a influenciam em Portugal e, em particular, na região do Pinhal Interior. É importante referir, ainda, que a utilização do medronheiro tem ainda um forte impacto positivo na proteção e reabilitação dos solos, por se tratar de uma planta tolerante à falta de água e ao frio e com uma forte capacidade de regeneração, assumindo, por isso, um papel muito importante nas regiões assoladas frequentemente por incêndios, tal como sucede na região do Pinhal Interior.