Summary: | Perante a atual pandemia os/as professores/as e educadores/as de infância foram alvo de muitas solicitações, provenientes de direções de escolas, pais e alunos, no sentido de continuar a dar resposta às exigências curriculares. Governamentalmente foram previstas medidas excecionais de organização e funcionamento das atividades educativas, no âmbito da pandemia COVID-19. Esta situação implicou uma reorganização pessoal e profissional dos profissionais, num curto espaço de tempo, com alterações até no seu estilo de vida e perceções de saúde. Objetivos: Com este trabalho pretendeu-se compreender as alterações nas atividades de vida diária percebidas por professores/as e educadores/as de infância, durante o primeiro confinamento provocado pela pandemia COVID-19, assim como identificar estratégias utilizadas pelos mesmos para lidar com a situação. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo e transversal. Foi construído e validado um questionário, o qual foi aplicado online a uma amostra de professores/as e educadores/as de infância, na região norte de Portugal, lecionando desde o pré-escolar até ao ensino secundário. O questionário foi enviado aos/às participantes após ter sido obtido o prévio consentimento dos diretores de agrupamentos de escolas. Além disso, e sendo on-line, os/as professores/as responderam voluntariamente e também registaram o seu consentimento na primeira questão, de resposta obrigatória, só assim podendo continuar no preenchimento do questionário. Os dados foram analisados com o programa SPSS. A amostra incluiu 302 indivíduos (245 95 do sexo feminino e 57 do sexo masculino), sendo as faixas etárias predominantes as dos 41 aos 50 e dos 51 aos 60 anos, que juntas totalizaram mais de 80% da amostra. O ciclo de ensino com mais respondentes foi o Ensino Secundário (27,8%), seguido dos 1.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico, ambos com 22,8% dos participantes. A grande maioria dos profissionais não exercia funções de gestão (83,4%), trabalhava há mais de 21 anos (72,8%), tinha vínculo profissional (89,7%) e tinha filhos (80,1%). Resultados: Constatou-se que 69,2% dos sujeitos se sentiram preocupados com a sua saúde e a dos seus familiares. O cansaço foi referido por 60,9%; a ansiedade por 56,3% e as perturbações do sono por 44,4%. Relativamente a estratégias utilizadas para lidar com a situação de confinamento salienta-se que 61,2% ligou mais frequentemente a familiares e amigos; 47,0% refugiou-se na arrumação da casa; a leitura foi referida por 33,1%; e a prática de exercício físico foi referida por 30,8%. Discussão: Ter que lidar com o desconhecido nesta fase inicial de pandemia, onde pouco se sabia sobre a COVID-19, gerou acima de tudo preocupações com a própria saúde e a dos seus familiares. Ter de estruturar estratégias num curto período de tempo e a requisição constante de disponibilidade para atender as solicitações gerou cansaço, o que também teve implicações em termos de ansiedade e ciclo de sono. Este último aspeto torna-se preocupante, pois uma boa higiene de sono é fundamental para uma vida equilibrada e saudável. Conclusão: Os resultados apontam para alterações de rotina e preocupações de vária ordem dos/as professores/as e educadores/as de infância, o que pode comprometer a sua saúde a médio e longo prazo.
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