Mau trato e pobreza: revisão sistemática da literatura

O fenómeno dos maus tratos dirigidos a crianças tem vindo a ser estudado à luz de diferentes abordagens teóricas focadas em diferentes preditores da parentalidade abusiva ou negligente. Todavia, tem sido transversal a evidência que reporta o impacto da situação de pobreza (familiar ou comunitária) n...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Fonseca, Ana Cristina Barroqueiro da (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2019
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10071/17840
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.iscte-iul.pt:10071/17840
Descrição
Resumo:O fenómeno dos maus tratos dirigidos a crianças tem vindo a ser estudado à luz de diferentes abordagens teóricas focadas em diferentes preditores da parentalidade abusiva ou negligente. Todavia, tem sido transversal a evidência que reporta o impacto da situação de pobreza (familiar ou comunitária) na parentalidade maltratante. No entanto, esta associação parece não ser direta, na medida em que, por um lado, se observam situações de mau trato em famílias que não se encontram em situação de pobreza e, por outro, que a maioria das famílias pobres não são maltratantes. Neste sentido, revela-se imprescindível identificar, de forma sistemática, quais os fatores que distinguem as famílias em situação de pobreza, maltratantes e não maltratantes. O presente estudo teve assim como objetivo apresentar uma revisão sistemática de literatura, de modo a explorar os preditores do mau trato (abuso e negligência) em famílias pobres. Baseada no método PRISMA, a presente revisão sistemática incluiu 25 estudos, nos quais se exploraram os preditores de abuso e negligência, agrupadas posteriormente em seis categorias através da técnica de análise de conteúdo. Globalmente, as variáveis relativas à parentalidade (e.g., cognições parentais) e ao ambiente familiar e comunitário (e.g., violência doméstica) parecem constituir os melhores preditores do mau trato em famílias pobres, seguidas dos recursos psicológicos/emocionais dos pais (e.g., perturbações mentais), características da criança (e.g., temperamento) e das experiências maternas (e.g., história de mau trato na infância). Esta revisão poderá assim informar investigação futura acerca dos potenciais preditores do mau trato e sustentar práticas de intervenção com famílias maltratantes em situação de pobreza.