Summary: | A medida clínica de acuidade visual pode não ser totalmente tradutora das dificuldades reais sentidas pelos indivíduos com erros refrativos não compensados. Assim, o objetivo principal deste estudo é o de avaliar o efeito da desfocagem esférica e astigmática na performance de leitura. Para isso, foram realizadas três experiências independentes com um total de 66 indivíduos. A experiência I teve como pressuposto avaliar o efeito da inversão do contraste entre letras e fundo com e sem a presença de desfocagem. A experiência II teve como objetivo quantificar a degradação ótica causada pelo incremento de desfocagem. E por fim a última experiência serviu para avaliar o efeito da variação do eixo do astigmatismo em intervalos de 15 graus. Verificou-se na experiência I a ausência de efeito com a inversão do contraste entre letras e fundo em todas as condições de desfocagem e ainda diferenças estatisticamente significativas entre as condições óticas em todos os parâmetros da performance de leitura e AV. Na experiência II verificou-se, no geral, maior impacto provocado pela desfocagem esférica, seguido da desfocagem astigmática a 45, 90 e por fim, a desfocagem de 180 graus. A experiência III mostrou que um erro refrativo baixo (+0.50 DC) é muito pouco afetado pela orientação do eixo, sendo as diferenças existentes sem significado estatístico. Por outro lado, a desfocagem de +2.00 DC mostrou diferenças entre as várias orientações em todos os parâmetros da performance de leitura. Em conclusão, em todas as experiências os resultados obtidos na performance de leitura tenderam a ser coerentes com as medidas de acuidade visual, contudo a performance de leitura apresentou piores resultados, isto é, mostrou ser mais afetada negativamente com a presença de um erro refrativo não corrigido. Conclui-se ainda a existência de um papel importante da orientação do eixo de um astigmatismo e do diferente impacto que este causa numa mesma quantidade dióptrica.
|