Estácio da Veiga e a exploração dos recursos marinhos no Algarve, em época romana

No conjunto da obra pioneira de cartografia arqueológica do Algarve realizada por Estácio da Veiga, o tema da produção de preparados de peixe constituiu um elemento destacado, sobretudo por se tratar de um tema habitualmente pouco explorado. O facto de o Algarve viver nos meados e segunda metade do...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Fabião, Carlos (author)
Format: bookPart
Language:por
Published: 2014
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10451/10168
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ul.pt:10451/10168
Description
Summary:No conjunto da obra pioneira de cartografia arqueológica do Algarve realizada por Estácio da Veiga, o tema da produção de preparados de peixe constituiu um elemento destacado, sobretudo por se tratar de um tema habitualmente pouco explorado. O facto de o Algarve viver nos meados e segunda metade do séc. XIX um período de particular florescimento das pescas explicará a atenção que o autor lhe concedeu. Legou-nos um levantamento extenso de locais com unidades de produção de preparados de peixe de época romana que, no entanto, presumia remontarem a épocas anteriores. No essencial, a perspectiva de Estácio da Veiga era a da existência de uma longuíssima tradição de exploração de recursos marinhos, que os romanos se tinham limitado a aproveitar e continuar. Esta interpretação, que atravessa outros domínios da sua obra, insere-se no paradigma romântico / nacionalista de rejeição do período romano, entendido como um hiato entre os primitivos lusitanos e os portugueses de época medieval, igualmente presente em outros autores da sua época. Contudo, a dimensão positivista da sua obra, manifestada sobretudo nos métodos, constitui um inestimável legado, pelo volume de informação concreta, devidamente registada e cartografada. Apresenta ainda interessantes interpretações sobre as causas da destruição de muitas das unidades de produção de preparados de peixe, atribuídas a causas naturais abrasão marinha, na senda das propostas da moderna geologia, e não a terramotos e outras catástrofes, como habitualmente se fazia.