Resumo: | Perceber e teorizar as relações entre fontes de informação, profissionais de relações públicas e jornalistas será sempre uma tarefa tão mais desafiante quão crescente é o interesse de todas as partes envolvidas em manter estas relações tão invisíveis quanto possível. O objetivo da minha investigação, no contexto daquela que definirei como Sociedade de Controlo em Rede, é descontruir cientificamente a função estratégica do assessor de imprensa, enquanto agente de enquadramento, capaz de influenciar a produção jornalística em benefício da organização. A abordagem científica que proponho permitirá detalhar as implicações da ação estratégica do assessor de imprensa na notícia como produto final, enquandrando-o, no seio da organização, como agente de controlo da reputação institucional. Os principais eixos da investigação serão, por conseguinte, a assessoria de imprensa e o jornalismo. A relação entre assessores de imprensa e jornalistas será explorada cientificamente através de duas formas distintas de investigação empírica: (1) a realização de entrevistas em profundidade a assessores de imprensa, jornalistas e profissionais que operam na mediação das duas áreas no panorama financeiro em Portugal; (2) estudo de caso no banco Millennium bcp com observação participante, análise de imprensa e cruzamento teórico relevante. Os resultados da investigação permitem-me concluir que os media dependem cada vez mais de fontes profissionalizadas, assistindo-se a uma ampliação do número de fontes institucionais que recorrem à base de competências dos assessores de imprensa, especialistas em táticas negociais e estratégias de controlo da informação. As fontes corporativas em análise – as empresas portuguesas cotadas em bolsa e o Millennium bcp como estudo de caso – beneficiam de recursos institucionais e económicos diferenciados, detendo efetivamente o poder de restringir o acesso à informação. A produção jornalística é condicionada pela ação estratégica do assessor de imprensa: estratega de agendamento e de enquadramento, definidor primário dos principais elementos da informação, uma vez que, enquanto fonte oficial, beneficia da hierarquia da credibilidade. Trata-se da primeira investigação científica em Portugal sobre o relacionamento dos assessores de imprensa das empresas cotadas na Euronext com os jornalistas, confrontando jornalistas, membros da Entidade Reguladora para a Comunicação Social e assessores de imprensa das empresas visadas
|