Resumo: | Os jovens que não se encontram nem a trabalhar nem inseridos em sistemas de educação/formação (NEEF) atingiram um total de 282,9 mil só em Portugal, em 2020. Com o surgimento da COVID-19, espera-se que este número continue a crescer, devido às fortes vulnerabilidades deste grupo. Este estudo teve como objetivo compreender a relação entre questões socioeconómicas e a perceção de esperança de jovens NEEF residentes em meios rurais, e se tal associação varia com a perceção de suporte social. Os dados apresentados fazem parte de uma investigação colaborativa entre o ISCTE-IUL e a Direção Regional do Emprego e Qualificação Profissional (DREQP) da Região Autónoma dos Açores. Desta constam 370 jovens NEEF, com idades entre os 25 e os 34 anos (M = 28.86; DP =2.79), a maioria do sexo feminino (63.80%) e em situação de privação material severa (56.20%). Os dados foram recolhidos nos Açores, através de uma ferramenta digital - "chatbot", durante o mês de junho de 2020. Os resultados evidenciaram que piores condições socioeconómicas (i.e., maior privação material) estão associadas a níveis mais baixos de esperança destes jovens, como esperado. Ao contrário do previsto, a perceção de suporte social não influenciou a relação entre privação material e esperança. Contudo, o suporte social, especialmente o suporte familiar, mostrou estar positivamente associado à perceção de esperança dos jovens NEEF. Existe uma necessidade de desenvolver políticas que apoiem estes jovens em fase de transição, como o incentivo ao desenvolvimento de projetos que assegurem melhores condições para estes jovens em risco.
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