Resumo: | A vida de Mário de Sá-Carneiro, um dos maiores vultos do Modernismo português, tem sido alvo de inúmeras reconstruções míticas, por norma, conseguidas através de uma colagem entre Eu empírico e Eu ficcional. As cartas são por norma utilizadas, neste processo, apesar de não ter sido ainda efectuado um estudo sobre a obra epistolar, integral, de Sá-Carneiro. Realizaremos, portanto, esta dissertação com o intuito de compreender a relevância das cartas no seio do seu projecto modernista. Importa perceber se existe uma representação por parte de Sá-Carneiro na sua obra epistolar, que seja estabelecida com recurso à criação de diferentes Eu’s. É também relevante verificar o modo como a existência desta teatralidade, tema caro ao modernismo, põe em causa a forma como o público e os críticos em geral definem a obra de Sá-Carneiro e o autor Sá-Carneiro. Para tal, optaremos por fazer uma análise estruturada em função dos destinatários que, em conjunto com a restante obra e documentação em torno da sua vida, possa ser a base de um estudo biográfico, ainda por realizar, que permita traçar, de forma mais incisiva, o carácter e personalidade de um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Modernismo em Portugal
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