Summary: | Viajar é um modo efêmero de viver noutra cultura e aprender sobre os seus costumes e tradições. Os turistas cada vez mais procuram tornar as suas viagens autênticas e inesquecíveis e estão cada vez mais abertos a outros contextos socioculturais. Eles não são mais um mero espectador, mas um participante ativo na experiência turística (Otto & Ritchie, 1996). O turismo é de facto um conjunto de momentos, depois retratado em memórias que mantêm os turistas conectados aos destinos. A economia da experiência é, sem dúvida, uma tendência crescente, justificada pela globalização da informação, pela democratização da cultura, pela busca de desafios e pela urgência em viver momentos únicos (Pine & Gilmore, 1998; Jelinˇcic & Mansfeld, 2019). Os turistas querem saber mais sobre os destinos, tradições e património, procurando fontes fiáveis de informação. A aprendizagem e o turismo tornaram-se dois elementos indissociáveis, resultando num aumento exponencial de turistas culturais com diferentes motivações: espirituais, intelectuais e emocionais, que definem o seu perfil enquanto turistas. As principais atrações culturais dos destinos situam-se nos centros históricos. Aqui, monumentos, património e partilha de estórias estão concentrados. Contar histórias é um produto do turismo cultural, um meio de comunicação, um mecanismo para promover o potencial turístico dos destinos fomentando a conservação dos espaços, a consciência social, a partilha de conhecimento e a preservação da tradição (Gonçalves, Seabra, & Silva, 2017). As experiências turísticas memoráveis fomentam fortes ligações com destinos, fazendo com que os turistas queiram voltar, reviver momentos passados e paralelamente se tornem contadores de estórias compartilhando a sua própria experiência. O storytelling não se limita a relatar eventos. Ajuda os turistas a se conectarem com o destino visitado de forma sensorial, possibilitando um relacionamento mais próximo com a comunidade, os seus residentes e a cultura local. Os turistas culturais são um segmento bastante heterógeno, com personalidades e padrões comportamentais diversificados. Considerando este fator, relevou-se pertinente adotar uma abordagem geracional, focando exclusivamente a geração millennial. Este grupo, revela um surpreendente interesse em visitar património, e conhecer a cultura dos destinos. Nas suas viagens os millennials optam por experiências autênticas, que lhes permitam conhecer a comunidade local, a história, e património (EdgeResearch, 2017). O estudo empírico foi elaborado através da realização de inquéritos nos Centros Históricos reconhecidos pela UNESCO em Portugal continental: Évora, Guimarães e Porto. Os resultados confirmam as dimensões da experiência: (1) sense, (2) feel, (3) think, (4) act e (5) relate, do modelo de Schmitt (1999). A dimensão think não demonstrou relevância perante os resultados obtidos, justificando-se pelo facto da geração millennial ser mais experimental e preferir viver cada momento de forma plena através de seus sentidos e sensações (Veiga, Santos, Águas, & Santos, 2017). A discussão centra-se nos resultados e nas implicações para o turismo cultural e para a gestão turística, podendo auxiliar na criação de novas estratégias de marketing e comunicação que otimizem as dimensões da experiência turística. São também apresentadas limitações e futuras linhas de investigação.
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