A reconstrução da autonomia após um evento gerador de dependência no autocuidado

A investigação tomou por objeto de estudo o autocuidado, tendo por finalidade desenvolver uma teoria explicativa sobre a reconstrução da autonomia no autocuidado, após um evento gerador de dependência. A investigação desenvolvida englobou dois estudos: o primeiro teve por objetivo dimensionar o fenó...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Brito, Maria Alice Correia (author)
Formato: doctoralThesis
Idioma:por
Publicado em: 2013
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.14/12617
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/12617
Descrição
Resumo:A investigação tomou por objeto de estudo o autocuidado, tendo por finalidade desenvolver uma teoria explicativa sobre a reconstrução da autonomia no autocuidado, após um evento gerador de dependência. A investigação desenvolvida englobou dois estudos: o primeiro teve por objetivo dimensionar o fenómeno da dependência no autocuidado no momento da alta hospitalar e o segundo visou explorar em profundidade o processo de reconstrução da autonomia no autocuidado, após um evento gerador de dependência vivenciado. O percurso da investigação decorreu entre junho de 2008 e setembro de 2010, numa Unidade Local de Saúde da região norte. Colaboram no estudo pessoas que vivenciaram dependência no autocuidado. Dos resultados verificou-se que o autocuidado constitui o foco a que os enfermeiros mais recorrem para descrever necessidades em cuidados dos seus clientes em contexto hospitalar. Para traduzir as necessidades em cuidados de enfermagem no domínio do autocuidado dos doentes é associado mais frequentemente o juízo “dependência”. Enquanto processo, a reconstrução da autonomia no autocuidado tem início e termo e decorre num determinado período de tempo. Os processos patológicos, por si só, não desencadeiam a consciencialização face às mudanças que ocorrem na vida das pessoas, nem o início da reconstrução da autonomia. São as mudanças em si, como as alterações nos processos corporais e as alterações na ação realizada pelo próprio, e a confrontação com o que consegue ou não fazer, que fazem com que a pessoa se vá consciencializando. Sendo esta última descrição o que determina o início do processo de reconstrução da autonomia e a vivência ativa da transição. Dos aspetos que mudam e ficam diferentes destacam-se o deixar de fazer o cuidado doméstico, as compras, a alteração no regime terapêutico, a acessibilidade, o gastar mais tempo na realização das atividades, a mudança nas rotinas/hábitos, o permanecer mais tempo em casa e o ficar dependente para a realização das atividades inerentes aos requisitos universais de autocuidado. O processo de reconstruir a autonomia implica tomar decisões relacionadas com o trabalho de transição, nomeadamente o gerir recursos humanos, recursos institucionais e equipamentos ou produtos de apoio. Simultaneamente, é inevitável o desenvolvimento de competências de autocuidado da pessoa com dependência e a necessidade de, pelo menos, um membro da família assumir o papel de prestador de cuidados. No decorrer do processo há fatores considerados críticos como as condições pessoais, os recursos da comunidade, o suporte e a condição de saúde que determina a forma como a pessoa vivencia a transição Os indicadores de resultado da transição traduzem-se no aumento do nível de mobilidade, a diminuição do nível de dependência, na redução do número de quedas, “numa atividade nova tornar-se um hábito”, no retomar da vida social e numa reformulação positiva face ao pedir ajuda. As terapêuticas de enfermagem que emergiram como promotoras de uma transição saudável foram: promover a consciencialização face às mudanças que estão ou que vão ocorrer, avaliar o nível de dependência e identificar com a pessoa as mudanças e diferenças percecionadas; facilitar a tomada de decisões, proporcionando informação válida para a tomada de decisão; identificar antecipadamente necessidades de mudanças na habitação, avaliar condições habitacionais e avaliar recursos disponíveis; desenvolver competências de autocuidado, instruir e treinar estratégias de autocuidado, advogar, instruir e treinar o uso de produtos de apoio; promover o “tomar conta” – reunir com a família, apoiar na gestão das tarefas, de recursos e produtos de apoio e desenvolver competências para “tomar conta”.