Resumo: | A crescente procura de água para diversos fins tem aumentado a pressão sobre os recursos hídricos naturais. A intensificação do desenvolvimento urbano, agricultura e das alterações climáticas, têm coincidido com períodos de seca e com episódios de escassez cada vez mais frequentes. A vulnerabilidade que Portugal enfrenta na gestão da água, tem evidenciado a necessidade de se encontrarem origens alternativas sobretudo para usos não potáveis. Neste sentido a produção de água para reutilização surge como uma alternativa viável que merece ser melhor estudada, para poder ser implementada sem pôr em causa o ambiente e a saúde pública. Este trabalho pretendeu avaliar a viabilidade da utilização de água residual proveniente da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Évora como origem de água alternativa para usos não potáveis na área circundante. A metodologia adotada suportou-se na proximidade entre a produção de água para reutilização e usos, na perspetiva de alívio da pressão sobre os ecossistemas aquáticos naturais, para garantir a preservação de habitats e da biodiversidade. Caracterizou-se a cidade de Évora, a ETAR e os usos do solo num raio de 2,5 km. Os dados do efluente tratado num histórico de quatro anos foram compilados sendo os parâmetros analisados qualitativa e quantitativamente. A avaliação dos possíveis usos de água para reutilização foi efetuada através da correlação entre a qualidade dos efluentes tratados (com o nível de tratamento atual) e as condicionantes legais aplicadas a cada tipo de uso, descritas no Decreto-Lei 119/2019, 21 de agosto. Fez-se a integração da qualidade do efluente tratado com os possíveis usos tendo o parâmetro coliformes fecais sido o fator limitante a alguns destes. Com a utilização de multibarreiras (barreiras-equivalentes) definiram-se sinergias tendo-se verificado a compatibilidade com rega agrícola, usos urbanos e industriais. Finalmente, efetuou-se uma análise quantitativa com enfase na rega da cultura com maior exigência de dotação, tendo-se concluído que os volumes de efluentes são suficientes para satisfazer as necessidades no espaço territorial estudado, sendo o seu uso adequado para fazer face à escassez.
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