Resumo: | No seio da expansão portuguesa os denominados Prazos do Zambeze constituíram-se como a única forma de presença territorial consistente na costa Oriental africana. Devido à localização remota desta geografia, assistiu-se à criação de uma sociedade fortemente miscigenada cujo quotidiano resultava da acomodação da experiência portuguesa e africana. Fonte quase inesgotável de riqueza para os prazeiros mais bem-sucedidos, o sertão revelou-se um terreno de intermediação comercial por excelência onde os senhores controlavam proveitosas rotas mercantis. A estrutura logística proporcionada pelo prazo revelou-se decisiva para a presença territorial portuguesa. Contudo, a dimensão do mesmo, o número de cativos que conseguia albergar e a africanização dos prazeiros transformou o vale do Zambeze num território pouco permeável à intervenção política e legislativa ditada pelas instituições oficiais de Lisboa e Goa. Partindo das premissas enunciadas, o presente estudo propõe a análise das interações sociais no vale do Zambeze nos séculos XVII e XVIII, tendo como foco os territórios concedidos pela Coroa segundo a figura jurídica do prazo.
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