Summary: | De acordo com os resultados geralmente reconhecidos ao nível da literatura sobre a importância das universidades sobre o meio envolvente, pode considerar-se que existe uma relação de dependência entre os efeitos da presença das universidades e os benefícios lí- quidos de outros ramos de actividade com os quais, de uma forma directa ou indirecta, a universidade estabeleça alguma espécie de relação (Beeson & Montgomery, 1993; Brown & Heaney, 1997; Blackwell et al., 2002; Drucker & Godstein, 2007). Pelo carácter sinérgico destas inter-acções, esta relação de dependência assume, quase sempre, um carácter de complementaridade, na medida em que a presença da universidade provoca um acréscimo dos benefícios ou o decréscimo dos custos dos outros ramos de actividade. No que em particular diz respeito à Universidade de Évora (UE), esta situa-se, como é sabido, numa região, em termos gerais, deprimida, quer em termos económicos quer em termos demográficos, sendo certo que algum vigor económico e demográfico acrescido que o seu concelho de localização evidencia se deve, precisamente, ao facto de nele se terem vindo a exercer os efeitos benéficos da existência da UE. Este facto aponta para a existência de evidentes externalidades positivas correspondentes aos diversos efeitos (eco- nómicos, demográficos, de conhecimento, etc.) da UE sobre o território envolvente (Rego, 2003; Rego & Caleiro, 2004; Rego & Caleiro, 2009). Deste ponto de vista, uma forma correcta de medir a importância presente da UE, em particular, e de qualquer universidade, em geral, é a que se baseia na análise custo-benefício, na medida em que esta tem em conta não só as despesas e receitas (priva- das) associados à instituição em si mas também todos os custos e benefícios (sociais) sobre o meio envolvente.1 Tal significa também que uma análise estritamente ‘privada’ daqueles fluxos financeiros pode não revelar a real importância de uma universidade e, por isso, pode conduzir a decisões políticas erradas. Para além daquele facto, a análise custo-benefício permite também ter em conta um aspecto que importa cuidar (mesmo ao nível interno da instituição), ou seja aquele que diz respeito aos horizontes temporais (Squire & van der Tak, 1979; Neves, 1982;Sudgen & Wil- liams, 1983; Barros, 1998; Barros, 2000; Marques; 2000). Deste ponto de vista, uma análise do futuro da UE passa (quase) necessariamente pela assunção de uma visão de longo prazo, a qual deve ser tida em conta no cômputo dos custos e benefícios privados e sociais da UE. Em suma, do ponto de vista das relações que a UE estabelece com o seu meio envolvente, a análise custo-benefício deve ser utilizada para medir a importância presente da UE, enquanto do ponto de vista das relações estabelecidas entre os diversos órgãos ou indivíduos que formam a instituição, também aquela análise deverá ser tida em conta enquanto fornecedora de lições para o futuro da UE (Pulido, 2009).
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