Conflito Femoro-acetabular

Introdução: O conflito femoro-acetabular representa uma patologia ortopédica, que embora tenha sido abordada primordialmente no início do século passado, só começou a ser explorada mais intensamente na comunidade científica nas últimas duas décadas. Hoje acredita-se ser uma das causas principais par...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Vieira, Rui Miguel Fernandes (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2021
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.6/11340
Country:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/11340
Description
Summary:Introdução: O conflito femoro-acetabular representa uma patologia ortopédica, que embora tenha sido abordada primordialmente no início do século passado, só começou a ser explorada mais intensamente na comunidade científica nas últimas duas décadas. Hoje acredita-se ser uma das causas principais para o desenvolvimento de coxartrose da anca. O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão ao atual estado da arte relativo ao conflito femoro-acetabular em tópicos que englobam o seu conceito, epidemiologia, etiologia, patofisiologia, apresentação clínica, exame físico, meios complementares de diagnóstico, tratamento, prognóstico e reabilitação. Pretende-se igualmente identificar as áreas que ainda carecem de consenso, assim como as principais tendências futuras na abordagem do conflito femoro-acetabular. Metodologia: Este trabalho consiste na revisão da literatura, recorrendo à pesquisa de artigos científicos sobre o tema na base de dados PubMed, no período compreendido entre 1 de janeiro de 2015 e o presente, procedendo-se posteriormente à seleção e análise dos mesmos. Desenvolvimento: O conflito femoro-acetabular caracteriza-se pelo contacto patológico repetitivo entre o fémur proximal e o acetábulo devido ao progressivo desenvolvimento de anomalias morfológicas ao nível destas estruturas anatómicas. O conflito é mais evidente durante atividades físicas vigorosas que envolvem a realização de amplitudes extremas de movimento da articulação da anca. A sua prevalência é mais elevada em jovens adultos, nomeadamente nos que praticam desportos de alta competição. O principal sintoma é a dor localizada à região da anca e virilha, sendo exacerbada pelos movimentos de flexão, adução e rotação interna da articulação. O diagnóstico preciso desta patologia só é possível de alcançar com um bom nível de segurança através da interligação dos achados da anamnese e exame físico, confirmados recorrendo a exames imagiológicos. O tratamento não cirúrgico é essencialmente importante no controlo sintomático, envolvendo a aplicação de alterações no estilo de vida, medicamentos anti-inflamatórios e fisioterapia. O tratamento cirúrgico demonstra bons resultados a curto e médio prazo ao nível da preservação da articulação, resolução sintomática e retorno dos doentes ao desempenho das atividades de vida diária sem limitações. Este engloba duas abordagens principais, a cirurgia aberta com luxação da anca e a artroscopia da anca. Conclusão: O crescimento das novas tecnologias tem potenciado uma rápida evolução do conhecimento ao nível do conflito femoro-acetabular, refletido num grande desenvolvimento das técnicas aplicadas no seu diagnóstico e tratamento. Ainda assim, perante estadios avançados da doença com coxartrose concomitante, a cirurgia conservadora revela-se pouco eficaz no debelar deste conflito, sendo necessária uma artroplastia total da anca. Embora seja já uma patologia amplamente estudada, é importante como meta futura o desenvolvimento de estudos randomizados controlados que permitam avaliar o sucesso das metodologias cirúrgicas a longo prazo, nomeadamente no que diz respeito à capacidade de alterar a história natural da doença e prevenir o aparecimento de coxartrose.