Resumo: | A existência de várias nascentes em Alfama, relatada desde pelo menos os tempos árabes, conheceu vários tipos de utilização ao longo dos séculos, fazendo parte da história da cidade de Lisboa. Esta importância histórica revela-se nos vários aspectos relativos à utilização diversificada das águas, como o abastecimento dos barcos durante a época dos descobrimentos, ou ainda através da dinâmica própria que imprimiam à zona, traduzida pela utilização das águas pelas lavadeiras da cidade. Algumas destas nascentes tinham temperatura de emergência superior a 20ºC e, de acordo com relatos de época, eram possuidoras de virtudes terapêuticas que as fizeram, além disso, ser amplamente procuradas e utilizadas pela população de Lisboa, fundamentalmente de parcos recursos. As águas destas nascentes, entretanto totalmente seladas e abandonadas há mais de 25 anos, chegaram a ser qualificadas de "minero-medicinais" pela então Inspecção de Águas, tendo sido assim aproveitadas em vários "balneários públicos" nos finais do século XIX. Estes "balneários públicos" serviram durante décadas a população de Lisboa e arredores, tendo igualmente sido significativamente influentes na vida da cidade. O aparecimento da Fonte das Ratas, na década de 60 do século XX, contribuiu para manter viva actualmente a memória das águas de Alfama. Este trabalho aborda, de uma forma simplificada, a localização geográfica das nascentes baseada na documentação histórica, bem como as características geológicas e hidrogeológicas da zona e o modo como estas águas foram exploradas durante vários séculos. São igualmente feitas algumas considerações respeitantes a possíveis usos que estas águas poderão ter, a verificar-se manterem na actualidade as características que as tornaram famosas.
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