Summary: | As doenças cardiovasculares (DCV) são a mais importante causa de mortalidade em Portugal, sendo uma área de intervenção que deve ser considerada prioritária. Uma vez instalada a DCV, continua a ser imperioso o controlo dos fatores de risco cardiovascular assim como a adesão à terapêutica, pois na prática verifica-se que os doentes frequentemente mantêm comportamentos de risco cardiovascular. Evidencia-se a pertinência do acompanhamento de enfermagem para fomentar um estilo de vida saudável e a adesão ao regime terapêutico proposto. O objetivo geral desta investigação é analisar os efeitos de um programa de prevenção secundária da doença cardiovascular, nos doentes a quem foi diagnosticada Síndrome Coronária Aguda (SCA); e o objectivo específico é analisar as diferenças entre os diferentes momentos do programa de ensino sobre a adesão à terapêutica farmacológica. Realizou-se um estudo experimental antes e após com grupo testemunho, randomizado, de âmbito quantitativo. Os sujeitos foram distribuídos aleatoriamente pelos grupos experimental (GE) e de controlo (GC) e a avaliação foi efetuada duas vezes: no início, antes da introdução da variável independente e no final, após a introdução da variável independente. Os sujeitos do GE foram ainda sujeitos a uma avaliação intermédia. O GE foi acompanhado ao longo de seis meses, com uma consulta de enfermagem por mês. O GC não foi submetido a qualquer intervenção por parte da investigadora. Para avaliar a adesão à terapêutica farmacológica foi utilizada a escala Medida de Adesão aos Tratamentos elaborada, adaptada e validada em Portugal por Delgado e Lima, em que valores mais elevados significam maior nível de adesão. Verificou-se que no GE o nível de adesão à terapêutica foi aumentando gradualmente durante o período de acompanhamento. No GC, o nível de adesão manteve-se particamente igual. Corroborando estes dados, a Sociedade Europeia de Cardiologia (2012) refere que os programas de prevenção secundária coordenados por enfermeiros, mais intensivos e com contactos mais frequentes são eficazes, tendo demonstrado melhorias significativas na redução dos fatores de risco, tolerância ao exercício, controlo da glucose, adesão à terapêutica, assim como redução nos eventos cardíacos e mortalidade, regressão da aterosclerose coronária e uma melhor percepção da saúde por parte dos doentes em comparação com os cuidados usuais. Está também demonstrado existir um maior sucesso na prevenção secundária do que na prevenção primária. Os enfermeiros assumem um papel pedagógico fundamental junto do doente, no sentido de compreender as suas dificuldades, motivar e promover um processo relacional que permita garantir o sucesso do tratamento proposto, atuando como agente facilitador da adaptação da pessoa à sua condição de saúde, nomeadamente nos seus comportamentos de autocuidado e, consequentemente, na forma como gere a sua situação de saúde. No sentido de fomentar a adesão à terapêutica, é essencial uma intervenção personalizada, ajudando a pessoa a ultrapassar eventuais constrangimentos através de intervenções eficazes, que só o serão se forem adaptadas às necessidades da pessoa e à sua situação.
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