Summary: | A partir do estudo antropológico – desenvolvido no bairro da Mouraria, em Lisboa, onde se reflectiu sobre a articulação entre o campo de significações do bairro, os espaços e as experiências de distintos indivíduos, discute-se a tentativa de renovação de certos símbolos urbanos identitários, valores e representações, através do fomento de ideias como cidade plural, multicultural e/ou intercultural. O objectivo aqui é demonstrar que tais processos de reconstrução e reinvenção da imagem do bairro são também atravessados por contrariedades e desarmonias que importam conhecer, designadamente no âmbito da relação entre cidade e cidadania. No desenvolvimento do argumento desta reflexão, infere-se que as práticas de uso e apropriação dos espaços públicos interferem de forma decisiva no processo de construção de imagens identitárias locais que, entretanto, se inscrevem na paisagem urbana, fazendo também parte do conhecimento que se tem da cidade. Considerando que estas práticas se revelam através de alguma ‘visibilidade’, parte-se do princípio que o conhecimento dos processos de uso e apropriação do espaço, que contribuem para a construção de paisagens urbanas e culturais, pode ser importante no revelar da invisibilidade social em que se encontram muitos dos sujeitos identificados com a condição de imigrante.
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