Avaliação dermatológica numa população sem-abrigo

A população sem abrigo apresenta um risco aumentado de doenças dermatológicas. A vida na rua, associada a cuidados de higiene e alimentação deficitários, a elevada prevalência de comportamentos aditivos e de patologia psiquiátrica torna esta população mais vulnerável a dermatoses. A busca tardia ou...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Vaquinhas, Marina Montezuma Carvalho Mendes (author)
Other Authors: Fernandes, Bárbara (author), Ferreira, Bárbara Roque (author), Batista, Ana Filipa Ferreira (author), Ribeiro, Ana Carolina Cesário (author), Silva, Beatriz Isabel Lopes da (author)
Format: other
Language:por
Published: 2021
Subjects:
Online Access:http://web.esenfc.pt/?url=Tf4ulRdI
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.esenfc.pt:10855
Description
Summary:A população sem abrigo apresenta um risco aumentado de doenças dermatológicas. A vida na rua, associada a cuidados de higiene e alimentação deficitários, a elevada prevalência de comportamentos aditivos e de patologia psiquiátrica torna esta população mais vulnerável a dermatoses. A busca tardia ou insuficiente dos cuidados de saúde associados a parcos recursos económicos, compromete a realização de tratamentos adequados. Objetivos Fazer uma observação dermatológica, sempre que possível completa, dos sem-abrigo inseridos no Projeto Saúde Sobre Rodas - Apoio à População Sem Abrigo de Coimbra. .Sensibilizar a população alvo para os cuidados de higiene frequentes Realizar intervenções educativas sobre os cuidados com a pele/higiene pessoal. Metodologia O estudo decorreu entre fevereiro de 2018 e janeiro de 2019 avaliando utentes a residir em centros de acolhimento temporários de Coimbra (C.A.I.S., Farol, Casa Abrigo Padre Américo) e apoiados pelas equipas das diferentes instituições sociais de Coimbra. Além da observação dermatológica realizada por duas dermatologistas, foram recolhidos dados demográficos (idade, sexo, estado civil, habilitações literárias), antecedentes pessoais e avaliação da pressão arterial, peso, altura e IMC por profissionais de enfermagem (estudantes e docente). Alguns participantes preencheram ainda o questionário DLQI. Resultados Foram avaliadas 111 pessoas com uma média de idades de 47,0 anos, sendo 83,8% do sexo masculino, maioritariamente solteiros (60,7%) ou divorciados (29,9%), de nacionalidade portuguesa (86,5%) e com baixa escolaridade (63,9% com habilitações até ao 6º ano). 50,5% dos intervenientes tinham história ativa ou passada de alcoolismo e 42,3% de consumo de drogas. O Índice de Massa Corporal (IMC) médio foi 24,8 kg/m². A cavidade oral foi avaliada em 87 utentes, tendo-se verificado que 41% tinham menos de 5 dentes e 19,5% de menos 12 dentes. Dos 54 sem-abrigo observados que preencheram o DLQI, a maioria (85,1%) referia pouco ou nenhum efeito sobre a sua qualidade de vida. Conclusões A população sem abrigo constitui um grupo muito vulnerável a diferentes problemas de saúde, pela sua exposição a diferentes alterações climáticas, a carências nutricionais, a deficiente habitação, a higiene deficitária e a problemas sociais. A elevada prevalência de comportamentos aditivos e de patologia psiquiátrica nos sem-abrigo, a dificuldade no acesso aos cuidados de saúde, nomeadamente a consultas de Dermatologia e o elevado custo, muitas vezes associado às terapêuticas dermatológicas são fatores limitantes nesta população que este projeto procurou minimizar.