Resumo: | A literatura tem realçado o impacto do clima familiar e da resiliência no desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica na adolescência. Este estudo exploratório, com um desenho quantitativo transversal e com recurso a uma amostra de 124 adolescentes (15-18 anos), pretende analisar: a relação entre coesão, conflito, resiliência e sintomatologia ansiosa e depressiva; as diferenças na coesão, conflito, resiliência e sintomatologia ansiosa e depressiva, em função do género e do tipo de família em que os adolescentes coabitam; se a perceção da qualidade do clima familiar é preditora da sintomatologia depressiva e ansiosa e o papel da resiliência enquanto mediador destas relações. Os resultados indicaram que o género feminino apresenta níveis mais elevados de sintomatologia ansiosa e depressiva, em comparação com o género masculino. Os resultados dos modelos de equações estruturais mostraram que: a perceção da qualidade do clima familiar prediz a sintomatologia depressiva e ansiosa; e a perseverança tem um papel mediador da relação entre a perceção da qualidade do clima familiar e a sintomatologia depressiva, mas não da relação entre a perceção da qualidade do clima familiar e a sintomatologia ansiosa. Os resultados sugerem que a perseverança pode constituir-se como um fator de proteção da sintomatologia depressiva, perante a vivência num clima familiar conflituoso e hostil, contribuindo para o bem-estar psicológico dos adolescentes. Este estudo tem implicações para a literatura relacionada com adolescentes, psicopatologia e família, ao relevar o impacto de variáveis individuais e relacionais no desenvolvimento de sintomatologia ansiosa e depressiva na adolescência.
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