Intercompreensão, gestão do currículo e competência metalinguística

Sociedades globais e diversas trazem desafios para os sistemas educativos, tais como a responsabilidade de acolher e preparar as crianças para lidar e conviver com o Outro, de desenvolver políticas educativas baseadas no plurilinguismo como valor e como competência (Beacco & Byram, 2007), por me...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Fernandes, Mariana Marques (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2014
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10773/12639
País:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/12639
Descrição
Resumo:Sociedades globais e diversas trazem desafios para os sistemas educativos, tais como a responsabilidade de acolher e preparar as crianças para lidar e conviver com o Outro, de desenvolver políticas educativas baseadas no plurilinguismo como valor e como competência (Beacco & Byram, 2007), por meio da educação plurilingue e da sensibilização à diversidade linguística e cultural. Neste contexto, torna-se igualmente indispensável preparar os alunos para o diálogo intercultural e para a (inter)compreensão, que, assentando em processos de análise contrastiva entre as línguas, se apresenta como uma abordagem com grandes potencialidades no desenvolvimento de capacidades de ordem metalinguística dos alunos, ao desencadear processos de reflexão intra e interlinguística. Para o efeito, importa promover práticas educativas orientadas para o contacto com a diversidade (Dias et al., 2010), bem como considerar a diversidade dos públicos escolares como um fator positivo, contemplando-a na própria gestão do currículo, entendido como projeto formativo integrado e transversal, aliado à promoção de uma educação plurilingue e intercultural. Situando-se nesta linha de pensamento, o presente estudo foi desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular de Seminário de Investigação Educacional em articulação com a Unidade Curricular de Prática Pedagógica Supervisionada. O nosso trabalho abraçou uma perspetiva de investigação-ação e foi orientado pelas seguintes questões: Que articulações teóricas podem ser estabelecidas entre intercompreensão, gestão flexível do currículo e plurilinguismo como competência?; Que práticas pedagógico-didáticas podemos desenvolver nesse âmbito no 1.º CEB?; Qual o contributo do projeto de intervenção para a competência metalinguística dos alunos numa perspetiva plurilingue? e Que contributos retiramos desta experiência para a nossa aprendizagem profissional? O nosso projeto de investigação e intervenção As línguas na ponta da língua foi desenvolvido numa escola do 1.º Ciclo do Ensino Básico, nomeadamente numa turma do 4.º ano de escolaridade. Nele adotámos a intercompreensão como uma possível abordagem da educação plurilingue, associada a uma abordagem flexível e integrada das línguas e de outras áreas curriculares disciplinares no 1.º Ciclo do Ensino Básico. Os principais resultados do projeto apontam para momentos de reflexão sobre as línguas e de mobilização e consciencialização de diversos processos importantes no desenvolvimento de uma competência metalinguística numa perspetiva plurilingue por parte dos alunos. Assim, podemos dizer que o projeto e as atividades propostas concorreram para o desenvolvimento de (i) competências de intercompreensão, visíveis na capacidade de os alunos entenderem outras línguas sem as terem estudado, tendo por base as suas similitudes com a sua língua materna e outras línguas presentes nos seus repertórios; (ii) competências de reflexão sobre as línguas e da consciência linguística, aliadas à mobilização de capacidades de comparação e análise entre línguas, promovendo a identificação de semelhanças e diferenças entre estas; (iii) curiosidade em conhecer e aprender novas línguas; e (iv) a valorização da aprendizagem integrada de línguas e outros conteúdos disciplinares. Concluímos por isso que projetos como o que desenvolvemos podem ser um caminho potenciador das competências plurilingue e metalinguística dos alunos, sendo por isso importante pensar e agir sobre o currículo abraçando uma perspetiva flexível e integradora das aprendizagens a fazer construir.