Summary: | Apesar de pertencerem a tradições literárias distintas, Luís Cardoso e V. S. Naipaul convergem no que diz respeito à reflexão pós-colonial sobre o que os impérios fazem aos seres humanos nos seus livros Crónica de uma Travessia e The Mimic Men. Ao centrar a sua atenção nas memórias de dois jovens ilhéus que cresceram em colónias pertencentes respectivamente aos impérios português e britânico, os escritores problematizam a crise de identidade enfrentada por gerações de colonos e que resulta da educação implementada pelo império e pelo trabalho dos missionários. Este ensaio pretende examinar como diferentes sistemas educacionais imperiais criaram e alimentaram um sentido de identidade imaginada, que é transtemporal e alienada, e cuja natureza artificial e fragmentada fez com que os colonizados se sentissem exilados tanto na sua terra natal como na metrópole. Através da análise da influência das figuras paternas nos protagonistas de Cardoso e de Naipaul, serão discutidas as consequências ideológicas e epistemológicas da mentira subjacente à missão civilizadora
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