Resumo: | Este trabalho tem como objectivo procurar compreender o desenvolvimento das ideias de socialismo inseridas numa esfera continental, nacional e religiosa, no contexto dos movimentos anticoloniais argelino e guineense da segunda metade do século XX. Para confrontar um conceito que nasce de uma retórica universalista e que terá desenvolvimentos particulares, foi necessário pensá-lo, para estes casos, no contexto em que é produzido: o contexto da guerra-fria e do movimento dos não-alinhados; o contexto de outras experiências de socialismo no mundo árabe e no continente africano; o contexto de uma relação com a esquerda das metrópoles, nomeadamente com o PCP e o PCF; o contexto de outros movimentos anticoloniais africanos e de outras guerras pela conquista da independência. Reflectimos ainda sobre como estas experiências de socialismo são inseparáveis do desenvolvimento dos movimentos nacionalistas nos contextos coloniais. Focámo-nos ainda na relação que tiveram estes movimentos de resistência com as várias práticas culturais e religiosas com as quais coexistiam. Neste sentido, destacamos o pensamento de Amílcar Cabral e Frantz Fanon, duas figuras centrais para a criação de um imaginário anticolonial no século XX.
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