Summary: | Introdução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) constituiu-se como um distúrbio neurológico que resulta em incapacidades e se associa a um grande impacto na qualidade de vida dos sobreviventes e seus familiares. Os programas de reabilitação, com intervenção diferenciada do enfermeiro especialista, têm vindo a ser cada vez mais atualizados através de técnicas que motivam o doente a frequentá-los, sendo a Realidade Virtual um recurso terapêutico que pode ser utilizado no processo de recuperação. Neste contexto, este estudo tem como principal objetivo determinar os efeitos da terapia baseada na Realidade Virtual na recuperação do membro superior afetado na pessoa pós AVC. Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática da literatura, seguindo os princípios de Cochrane Handbook. Como bases de dados recorreu-se à PUBMED, EBSCO, Google Académico e SciELO pesquisando-se estudos publicados entre janeiro de 2007 e abril de 2018, que posteriormente foram avaliados, por dois investigadores de forma independente, respeitando os critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos. O corpus da revisão ficou constituído por 9 artigos, dos quais apenas 3 reuniam critérios metodológicos para a meta-análise, cujo processamento estatística foi realizado recorrendo ao software RevMan 5.2.8. Resultados: A análise dos estudos demonstra que os programas de reabilitação com Realidade Virtual aumentam a recuperação do membro superior afetado da pessoa pós AVC, assumindo-se como um importante coadjuvante dos programas de reabilitação convencionais. Os doentes sujeitos à estimulação trans-craniana por corrente contínua apresentaram: melhorias na recuperação da função motora do membro superior em 50%; melhoria ao nível dos movimentos ativos e passivos, aumentando a capacidade funcional do membro superior e da amplitude do movimento; melhoria do movimento compensatório, da atividade motora e independência funcional, com efeitos benéficos nos sistemas de neuro-reabilitação. Os resultados da meta-análise atestam que os doentes submetidos a programas de Realidade Virtual atingem melhores resultados funcionais do que os submetidos aos tradicionais programas de reabilitação (standard care) (DM=11,48; IC 95%=-0,46–23,42), todavia, sem diferenças estatisticamente significativas (p=0,06). Conclusão: Partindo dos resultados obtidos, poderá inferir-se que a Realidade Virtual se constitui já como um recurso terapêutico com efeitos, transversalmente positivos, na reabilitação de pessoas após AVC, o que implica novos desafios à enfermagem de reabilitação. Contudo, apesar dos resultados promissores, ainda são necessários novos estudos com amostras mais representativas e melhor qualidade metodológica.
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