Summary: | O aparecimento da internet e a subsequente emergência do ciberjornalismo proporcionou ao jornalismo a exploração de novos territórios e diferentes linguagens. Surgiram narrativas inovadoras e práticas inéditas. Nasceram novos géneros. Entre outras potencialidades, o hipertexto, o multimédia, a interatividade, a ubiquidade e a instantaneidade levaram os média noticiosos a reconfigurar-se de modo a responder às exigências do novo meio, às tendências do momento e ao crescimento e sofisticação das audiências online. Os jornalistas não ficaram imunes às transformações provocadas pela adaptação ao ciberespaço. Direta ou indiretamente, foram afetados nas suas práticas, papéis e questionamentos de ordem ética. Nos últimos dezassete anos, o ciberjornalismo foi crescendo, nuns países depressa e de modo assertivo, noutros, como Portugal, mais devagar, com hesitação e pouco sentido de risco. Pelo caminho, o novo ramo do jornalismo foi consagrando um conjunto de modelos, regras e práticas que se começam a normalizar, isto é, a tornar-se num conjunto de normas mais ou menos partilhadas pela tribo jornalística. O que se pode questionar é se esta normalização não tem vindo a afastar o ciberjornalismo de um conjunto de valores, práticas e papéis consagrados ao longo da história da profissão pelos jornalistas um pouco por todo o mundo. Neste ensaio argumenta-se que temos vindo a assistir, em particular em Portugal, a uma gradual diluição de pilares essenciais do jornalismo no ciberjornalismo e, em paralelo, a uma sobrevalorização de aspectos acessórios. Esta diluição tem como principal consequência a perda generalizada de qualidade do jornalismo produzido nas redações digitais.
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