Summary: | O século XX foi marcado por vastos acontecimentos na história mundial e, consequentemente, na história da Arquitetura. Os efeitos consecutivos motivados pelos conflitos da guerra, e anteriormente, pela revolução industrial, proporcionaram aos arquitetos e arquitetas uma nova conceção de arquitetura, apostando numa nova era de pensamento, que quebrava com os ideais anteriormente estabelecidos. A arquitetura moderna reflete os novos modos de habitar a casa e a importância de construir uma arquitetura adequada às inúmeras condições essenciais para uma vida quotidiana mais leve e fácil. A iluminação, a ventilação, assim como, as noções de espaço suficiente e salubre, são características fundamentais do novo pensamento arquitetónico emergente, onde uma arquitetura idealizada de dentro para fora torna o tema da habitação a preocupação fundamental dos arquitetos. Esta nova era de pensamento reflete-se através dos concursos, dos cartazes publicitários, das publicações nas revistas, nos jornais e essencialmente através das exposições de arquitetura. Este meio de comunicação, as exposições, são um dos principais responsáveis pela construção destas experiências arquitetónicas com novos conceitos, convertendo estes eventos nos grandes laboratórios das ideias dos arquitetos. Ao longo dos anos, diversos arquitetos foram desconstruindo o conceito “exposições de arquitetura” porque o objetivo não era apenas documentar, mas sobretudo realizar, proporcionando uma comunicação muito mais direta ao público. As exposições estiveram no centro da vanguarda europeia durante as primeiras décadas do século, sendo criadas em inúmeras instalações artísticas e galerias de arte. Contudo, as que proporcionaram o auge das exposições industriais foram as organizadas em espaços abertos ou em grandes pavilhões. Com o seu papel político, cultural e económico, estas exposições, acabam por ser um símbolo e tornam-se grandes eventos a fim de destacar a relação entre a técnica e a forma na arquitetura, fazendo assim das habitações expostas um marco fundamental para o desenvolvimento dos princípios da racionalização, economia, flexibilidade e qualidade do espaço interior. Deste modo, o presente trabalho não só reflete as soluções dos arquitetos para os problemas habitacionais emergentes da primeira metade do século XX, como também pretende realçar a importância que a construção à escala real de elementos temporais teve para a realização de projetos de habitação e do novo pensamento desta era moderna analisando três casos de estudo - Bairro na colina Mathildenhöhe, na Alemanha, projetado e construído pela Associação Darmstadt, em 1901, na exposição “Die Ausstelung der Künstler-Kolonie”; o complexo habitacional localizado em Stuttgart, na Alemanha, projetado pela Associação Deutscher Werkbund, em 1927, na exposição “Die Wohnung” e a exibição de uma maqueta de um fogo-tipo, em tamanho real, de um projeto de conjunto de blocos de habitação coletiva na Ajuda, da responsabilidade da Associação dos Inquilinos Lisbonenses (AIL) na exposição “O Cooperativismo Habitacional do Mundo”, realizada na Sociedade Nacional de Belas-Artes, em 1957. Toda a investigação pretende também complementar noções projetuais na vertente prática deste trabalho, unindo assim as duas vertentes através da reflexão do espaço interior e a sua organização.
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