Summary: | A integração de dispositivos tecnológicos promovida pela Cibercultura transformou o espectro cotidiano e incluiu a esfera digital no universo das interações sociais, tornando os contextos on e offline quase indiferenciados. O desenvolvimento de tecnologias da informação representa um avanço do ponto de vista técnico, contudo o uso de técnicas de Reconhecimento Facial sob lógicas comerciais impacta o contexto social, pois conflita com as estruturas tradicionais de privacidade e mecanismos que regulamentam o processamento de informações biométricas baseados no consentimento emitido pelo utilizador no universo digital. Paralelamente, o uso de técnicas de vigilância sofisticadas inerentes às sociedades modernas torna o Reconhecimento Facial um aliado para as forças de segurança que viabiliza práticas de vigilância intrusivas, cuja influência do viés algorítmico e da automatização de processos criminais revela preocupações que atingem os diferentes grupos sociais de forma desproporcional. Diante deste enquadramento, propõe-se uma reflexão crítica sobre a mediação tecnológica associada aos contextos da privacidade e segurança, abordando a multiplicidade de danos decorrentes do processamento de informações pessoais de forma descontextualizada, e os desdobramentos deste processo na criação de subjetividades na esfera digital. Este enquadramento sugere a influência de questões raciais ligadas a processos históricos que moldam as práticas de vigilância permeadas por estereótipos hierarquizantes, que por seu turno são transferidos para a lógica sistêmica das decisões algorítmicas destacando a responsabilidade das empresas de tecnologia e das autoridades de segurança, além de questões éticas associadas ao universo da Inteligência Artificial.
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