Resumo: | Com o advento do século XXI, a região mais boreal do planeta voltou a ser valorizada, graças aos vastos recursos estimados na região e à progressiva navegabilidade das rotas marítimas possibilitada pelo degelo da calota polar, o que levou os Estados Árticos e outros atores do Sistema Internacional a desenvolverem estratégias que salvaguardem os respetivos interesses na região. Foram publicados trabalhos marcantes que abordam o Ártico em diversas óticas, mas faltava abraçar a perspetiva geopolítica, de natureza multidisciplinar, pelo que nos apoiamos, entre outros, em múltiplas fontes e obras, estudos técnicos, tratados, convenções, institutos, centros de estudo e universidades, o que nos permitiu conhecer as enquadrantes, as disputas prevalecentes e as estratégias da Rússia, EUA, Canadá, Noruega, Dinamarca, Islândia, China e UE. Desenvolvemos uma análise inovadora que busca caracterizar o Ártico como espaço geopolítico, na atualidade, indagando as dinâmicas de poder engendradas entre os diversos atores e ponderando quatro fatores geopolíticos: físico, militar, circulação e recursos naturais. A investigação realizada permitiu-nos concluir que os atores com interesses na região irão privilegiar relações de cooperação e acomodação, que o degelo e acesso mais facilitado aos recursos naturais não induzirão relações conflituais, que os investimentos efetuados no instrumento militar lhe pressagiam importância acrescida no espaço Ártico, que o sistema de transporte marítimo será francamente ampliado, os gasodutos apenas serão incrementados na Rússia e os oleodutos no Canadá e, finalmente aferimos que as alterações do fator físico terão impacto nas relações de poder estabelecidas entre os atores com interesses na região ártica.
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