Impacto do treino cognitivo computadorizado em adultos com depressão moderada a grave: um estudo piloto

Introdução: De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, as perturbações depressivas atingem cerca de 4,4% da população mundial e caracterizam-se por sentimentos de tristeza, perda de interesse ou prazer, sentimentos de culpa, vazio ou de autoestima baixa e alterações no apetite e no sono, s...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Malta, Ana Filipa Leal da Silva (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2020
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/29027
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/29027
Description
Summary:Introdução: De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, as perturbações depressivas atingem cerca de 4,4% da população mundial e caracterizam-se por sentimentos de tristeza, perda de interesse ou prazer, sentimentos de culpa, vazio ou de autoestima baixa e alterações no apetite e no sono, sendo acompanhadas de alterações somáticas e cognitivas que prejudicam significativamente a capacidade funcional do indivíduo. As principais alterações cognitivas observadas na depressão ocorrem ao nível da memória, atenção e funções executivas, sendo que vários estudos sobre a intervenção psicoterapêutica e medicamentosa nas perturbações depressivas têm revelado que os défices cognitivos tendem a permanecer após a remissão de outros sintomas depressivos. A investigação recente tem vindo a sugerir que o treino cognitivo computadorizado pode ser uma opção de tratamento eficaz, visto que as intervenções que utilizam a tecnologia parecem demonstrar mais benefícios na estimulação das funções cognitivas e na qualidade de vida comparativamente a programas tradicionais de reabilitação e treino cognitivo. Objetivo: Trata-se de um estudo piloto que visa avaliar o impacto do treino cognitivo computadorizado com recurso ao COGWEB® em pacientes com depressão moderada a grave utentes de um Hospital de Dia Psiquiátrico (n=20). Mais precisamente, destina-se a avaliar o efeito do treino cognitivo computadorizado no humor (severidade de sintomatologia depressiva) e num conjunto de funções cognitivas (atenção, memória e funcionamento executivo). Instrumentos e Métodos: Os pacientes foram recrutados numa base de amostragem não probabilística consecutiva e divididos entre um grupo experimental (n=10), que realizou duas sessões de treino cognitivo por semana perfazendo um total de 12 sessões, e um grupo de controlo (n=10), sem treino cognitivo. Ambos os grupos realizaram um pré e um pós teste (antes e depois da intervenção), onde foram aplicados o Inventário de Depressão de Beck e uma bateria de testes neuropsicológicos (Montreal Cognitive Assessment, Trail Making Test A e B, Teste do Relógio, Teste de Stroop e Auditory Verbal Learning Test). Para análise estatística dos dados, utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk para testar a normalidade dos mesmos e os testes não paramétricos: Mann-Whitney (para avaliar as diferenças entre o grupo de controlo e o grupo experimental no pré e no pós teste) e o Wilcoxon Signed Ranks Test (para analisar as diferenças ao longo do tempo comparadas através dos resultados do pré e do pós teste). Resultados: De um modo geral, os pacientes que realizaram o treino cognitivo apresentaram uma melhoria na sintomatologia depressiva e alterações significativamente positivas em todas funções cognitivas avaliadas (atenção, memória e funções executivas), comparativamente ao grupo de pacientes que não foi submetido a este treino cognitivo computadorizado, que, no pós-teste, apresentou piores resultados em todos os domínios avaliados.