Resumo: | Os Gaudde de Goa observam as componentes de casta no plano social, mas foram reconhecidos em linguagem administrativa como tribais devido às regalias económicas e educacionais que este estatuto lhes concede. Para tal contribuiu a literatura produzida durante e após o colonialismo português que os descreve como os primeiros habitantes de Goa. Mas o que quero transmitir, ao afirmar que os Gaudde seguem a organização da casta? E o que significa dizer que os Gaudde são considerados uma “tribo” na terminologia administrativa? Esta é a principal questão sobre a qual o artigo se irá debruçar, focando-se na negociação identitária dos Gaudde entre estas duas categorias, e, mais concretamente, na construção dos argumentos para o seu actual estatuto político como Scheduled Tribe – enquadrando-os assim no panorama geral destas mesmas lógicas classificatórias no resto do subcontinente, anteriormente colonizado pelos britânicos. Analisar os mecanismos identitários dos Gaudde constitui também um pretexto para percebermos a influência das categorizações do colonialismo português no quotidiano de um dos grupos que constituem a tela social de Goa – articulando a Goa contemporânea e o colonialismo. O artigo resulta do trabalho de campo realizado numa aldeia do sul de Goa, de Janeiro a Julho de 2006 e de Setembro a Novembro de 2007.
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