Summary: | Introdução: Existe a necessidade de caracterizar a trajetória de desenvolvimento típico da flexibilidade cognitiva na população pré-escolar portuguesa e, a um nível global, de explorar a sua evolução por semestres. Paralelamente são poucos os estudos que reportam dados acerca do impacto da variável sexo sobre a flexibilidade cognitiva nesta população. Este estudo procura responder a estas questões. Metodologia: Foram recrutadas 90 crianças em idade pré-escolar com desenvolvimento típico e submetidas à tarefa Card Sorting da Early Years Toolbox, a qual se baseia no procedimento prototípico de avaliação da flexibilidade cognitiva na população préescolar. Resultados: Observaram-se diferenças significativas no switch accuracy entre os grupos dos três, quatro e cinco anos de idade, com os mais velhos a superar os mais novos. Quando a amostra é dividida por semestres não se verificaram diferenças significativas entre os grupos com mais de quatro anos e meio e o grupo do primeiro semestre dos quatro anos. Os grupos dos cinco anos evidenciaram um desempenho significativamente superior ao do grupo do segundo semestre dos quatro. Não foi observado qualquer efeito significativo da variável sexo sobre o desempenho na tarefa Card Sorting. Conclusão: O presente estudo oferece suporte à literatura que denota um aumento da flexibilidade cognitiva ao longo do período pré-escolar e exerce um contributo ao sugerir que o ponto de inflexão desta função executiva ocorre na transição entre o segundo semestre dos quatro anos e o primeiro semestre dos cinco. Este estudo representa um primeiro esforço para caracterizar o desenvolvimento da flexibilidade cognitiva na população pré-escolar portuguesa com recurso ao procedimento prototípico para a avaliação desta função nesta faixa etária. Considerando a possível aplicabilidade da Card Sorting ao contexto clínico e investigativo tornam-se necessárias investigações futuras que averiguem a consistência destes achados na população pré-escolar portuguesa.
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