Summary: | O estudo da elite agrária alentejana ao longo do século XIX e início do século XX permitiu-nos detectar algumas linhas de continuidade e mudança relativamente à importância da sua intervenção pública. Desde logo, constatou-se uma diminuição gradual do peso desta elite nas vereações camarárias por nós estudadas, embora este processo não fosse linear, tendo-se registado, em momentos pontuais, situações em que ganham grande importância, em oposição a outros em que quase desaparecem da cena política local. No entanto, a perda de importância dos agrários nos órgãos de gestão concelhios terá sido menor nos meios rurais do que nos meios urbanos. Pelo menos assim o indicam alguns estudos existentes, nos quais se torna claro também que nos grandes momentos de rupturas políticas nacionais, as continuidades foram maiores nos pequenos municípios do que nas cidades. Tal facto é compreensível em virtude de um maior conservadorismo e uma maior resistência à mudança nos meios rurais, bem como a persistência do patrocinato tradicional. Por outro lado, deve-se também salientar a ausência, nestes meios, de alternativas aos notáveis que controlavam a vida política local. Ao longo do período estudado verificou-se um progressivo alargamento do universo de potenciais vereadores o que, obviamente, obrigou a elite agrária a partilhar o seu espaço de intervenção política com indivíduos ligados a outras actividades económicas e com origens sociais muito diferenciadas.
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