Resumo: | O consumo de medicamentos usados para o tratamento das depressões tem vindo a aumentar ao longo da última década. Segundo a Intercontinental Medical Statistics Health (IMS Health), os antidepressivos, a terceira classe terapêutica mais utilizada a nível mundial, tiveram em 2000 um aumento de 18%, representando 4,2% do mercado farmacêutico global. Em Portugal, os dados publicados pelo Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) referem que o subgrupo farmacoterapêutico antidepressivos e psicotrópicos estava, em 2000, entre os 10 primeiros no que diz respeito aos encargos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) atingindo os 98 milhões de euros por ano. Por outro lado, o consumo destes medicamentos por parte da população não está totalmente controlado, já que para além dos problemas de automedicação é possível a sua aquisição através da Internet. Tal tem contribuído para o aumento dos casos de etiologia médico-legal suicida e para que os antidepressivos sejam considerados o segundo grupo de substâncias mais pesquisado na rotina laboratorial de toxicologia. Assim sendo, advém a necessidade de elucidação de uma metodologia validada de forma a garantir que a mesma seja capaz de gerar informações confiáveis e interpretáveis. Posto isto, o objectivo deste trabalho prende-se com a validação de uma metodologia analítica baseada na cromatografia líquida acoplada a um detector de diode array (UPLC/DAD) associada à extracção em fase sólida para a determinação de 9 antidepressivos (venlafaxina, trazodona, maprotilina, nortriptilina, fluoxetina, dotiepina, sertralina, amitriptilina e clomipramina) em plasma humano. Utlizando um volume de amostra de 500 μL, o método foi validado de acordo com as normas internacionalmente aceites para a validação de métodos bioanalíticos. Os parâmetros estudados foram a selectividade, especificidade, curva de calibração e linearidade, limite inferior de quantificação (LLOQ), limite de detecção (LOD), precisão, exactidão e recuperação. O método demonstrou elevada sensibilidade, uma vez que, com a injecção no sistema cromatográfico de apenas 2 μL de amostra com antidepressivos, conseguiu visualizar-se resposta, traduzida pelos picos que surgiram no cromatograma. O método foi selectivo, já que não foram detectados interferentes após análise de amostras brancas de plasma, tendo sido obtida uma resposta linear entre 0,1 – 5 μg/mL para todos os antidepressivos, à exepção da sertralina, cujo intervalo de linearidade foi de 0,25 – 5 μg/mL. Os valores obtidos para a precisão e exactidão intra- e interdia estavam em conformidade com os critérios de validação mencionados, ou seja, coeficientes de variação inferiores a 15% e BIAS dentro de um intervalo de ± 15% da concentração teórica (excepto no LLOQ, para o qual foi considerado adequado o intervalo de ± 20%). Quanto à recuperação obtida, os valores oscilaram entre 72 – 95%. Por último para avaliar a aplicabilidade da metodologia, esta foi aplicada a 3 casos de intoxicação hospitalar. Em conclusão, o método provou ser adequado para a determinação dos antidepressivos estudados em situações de intoxicação clínica ou forense.
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