A promoção da autonomia da pessoa dependente para o autocuidado : um modelo de intervenção de enfermagem em cuidados continuados

estudo apresentado inscreve-se no domínio do autocuidado, mais concretamente “na promoção da autonomia da pessoa dependente para o autocuidado”. Emerge de um percurso de investigação-ação (IA), desenvolvido numa Unidade de Convalescença da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). Os...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Lourenço, Marisa da Conceição Gomes (author)
Format: doctoralThesis
Language:por
Published: 2016
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.14/20685
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/20685
Description
Summary:estudo apresentado inscreve-se no domínio do autocuidado, mais concretamente “na promoção da autonomia da pessoa dependente para o autocuidado”. Emerge de um percurso de investigação-ação (IA), desenvolvido numa Unidade de Convalescença da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). Os Cuidados Continuados Integrados estão centrados na recuperação global da pessoa, promovendo a sua autonomia e melhorando a sua funcionalidade, no âmbito da situação de dependência em que se encontra. Os critérios usuais de referenciação para estas unidades contemplam a dependência para o autocuidado em pessoas com necessidades de reabilitação funcional e de treino das atividades básicas de autocuidado (tomar banho, vestir-se e despir-se, arranjar-se, cuidar da higiene pessoal, arranjar-se, alimentar-se, usar o sanitário, transferir-se, virar-se e mover-se em cadeira de rodas), com forte potencial de recuperação. Esta condição conduz para uma transição situacional de saúde/doença que implica um processo, uma direção e aquisição de novos papéis e responsabilidades. Promover a autonomia da pessoa dependente para o autocuidado, estimulando-a para uma mudança significativa do seu modo de vida e para uma aprendizagem com recurso a estratégias adaptativas, é algo que pode ser facilitado pelos enfermeiros. Para isso é necessário encontrar um modelo capaz de levar a pessoa dependente a atingir o seu máximo de potencial de autonomia para o autocuidado. O ciclo de IA empreendido gerou mudanças no modelo de cuidados em uso, tendo apelado ao uso de estratégias promotoras da participação e do comprometimento interno dos enfermeiros, com vista à viabilização da mudança. Os resultados permitiram estruturar um conjunto de pressupostos que estão na génese de um modelo de orientação da conceção de cuidados, centrado na promoção da autonomia para o autocuidado. Foi possível partir do que “o que os enfermeiros fazem e como fazem”, para uma estratégia de reflexão “sobre a ação e na ação”, para gerar evidência. Este modelo permite aos enfermeiros compreenderem o que ocorre na prática e organizar de forma critica essa informação, de modo a fundamentar a tomada de decisão que antecede a ação, no sentido da promoção da autonomia da pessoa dependente para o autocuidado. Os dados iniciais, os diagnósticos de enfermagem, os objetivos e as intervenções de enfermagem constituem os itens de informação característicos para a sistematização da explanação da conceção de cuidados, centrada na promoção da autonomia da pessoa dependente para o autocuidado. Para isso relevam estruturas fundamentais como: a especificação dos dados iniciais sobre a capacidade de autocuidado e integração de dados relativos a focos de atenção de enfermagem centrados nas respostas humanas às transições; a sistematização na explanação da conceção de cuidados, centrada nas respostas humanas às transições; o suporte de dados com integridade referencial entre, diagnósticos, objetivos/resultados e intervenções de enfermagem; a utilização de qualificadores que revelem a identificação de oportunidade de desenvolvimento e mestria que caracteriza o máximo de potencial de autonomia (potencial para adquirir, ou desenvolver, ou melhorar o conhecimento e/ou capacidade para estratégias adaptativas no autocuidado; a integração de intervenções de enfermagem promotoras da autonomia da pessoa, potenciando a utilização de dispositivos de apoio adequados a cada pessoa; a monitorização de padrões de resposta durante o processo de recuperação da autonomia, como uma estratégia para a gestão personalizada dos cuidados. Um recurso importante para o desenvolvimento do modelo de intervenção é um sistema de informação de suporte à tomada de decisão em enfermagem, sistematizado que permita gerir a informação produzida como expressão adequada da prática clinica. Este percurso de investigação permitiu: estruturar a ação profissional dos enfermeiros centrada na promoção da autonomia para o autocuidado, tendo por base o seu potencial de recuperação e desenvolver um conhecimento empírico que pretende conduzir a prática profissional, orientada por modelos conceptuais (Teoria do autocuidado de Orem e Teoria das transições de Meleis), tornando-a progressivamente mais significativa para as pessoas.