O corpus do esgrafito no Alentejo e a sua conservação. Uma leitura sobre o ornamento na arquitectura

Centra-se esta tese sobre o esgrafito no Alentejo analisado dentro da área científica da arquitectura, cruzando a problemática da conservação e restauro com a do ornamento na arquitectura. Pretende-se definir o corpus do esgrafito no Alentejo, através do levantamento sistemático e da inventariação d...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Salema, Sofia (author)
Formato: doctoralThesis
Idioma:por
Publicado em: 2013
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10174/8320
País:Portugal
Oai:oai:dspace.uevora.pt:10174/8320
Descrição
Resumo:Centra-se esta tese sobre o esgrafito no Alentejo analisado dentro da área científica da arquitectura, cruzando a problemática da conservação e restauro com a do ornamento na arquitectura. Pretende-se definir o corpus do esgrafito no Alentejo, através do levantamento sistemático e da inventariação de todos os casos, conhecer as suas formas de expressão e particularidades, enquanto superfícies arquitectónicas, e compreender o seu contributo na arquitectura. Desenha-se um percurso metodológico de pesquisa e análise documental e bibliográfica que suporta a análise, interpretação e reflexão critica sobre os casos de esgrafitos inventariados e uma metodologia criteriosa para o processo de inventariação e levantamento arquitectónico dos esgrafitos nos aglomerados urbanos no Alentejo. Constrói-se um inventário que permite conhecer o corpus do esgrafito no Alentejo e reconhecer a sua relação simbiótica com a arquitectura. O esgrafito tem uma forte manifestação nos núcleos urbanos no Alentejo, sendo Évora o mais expressivo. Está preferencialmente, localizado em espaços importantes da estrutura urbana - largos, praças e ruas principais – e, nos aglomerados pouco consolidados, em pequenos apontamentos, nas chaminés. É amplamente utilizado nos séculos XVI e XVII, em composições eruditas - de influência italiana onde predomina o esgrafito branco e negro – e, em versão mais populares, mas de grande expressão estética - como os revestimentos de imitação de alvenaria aparelhada - em edifícios religiosos, militares, habitacionais e em estruturas de lazer, tanto no interior como no exterior dos edifícios. Nos séculos XVIII e XIX, o esgrafito apresenta grande protagonismo, associando-se a outras técnicas ornamentais, com consequências urbanas visíveis em cidades alentejanas. A técnica predominante é a do esgrafito de cor areia e branco, com um leque de tons relacionados com a variedade de colorações do inerte (areias). Também aparecem os esgrafitos de fundo negro conseguido pela adição do carvão ou palha queimada à argamassa, e em menor número, os de fundo vermelho, obtido com o pó de tijolo. Os motivos vegetalistas são os mais frequentes e, em menor escala, os geométricos. Grande parte dos esgrafitos já não apresenta o seu estado original. Várias camadas de tinta escondem a superfície mais ou menos ornamentada, alteram a textura e a cor original do esgrafito, anulam as linhas de incisão e de corte do desenho e ocultam os pormenores e detalhes do esquema compositivo. Alerta-se para a urgência de estudos científicos futuros e recomendam-se políticas sustentadas no conhecimento científico para a preservação e salvaguarda dos esgrafitos.