Risco psicossocial e psicopatologia em adolescentes com percurso delinquente

Muitos dos estudos realizados no âmbito da delinquência juvenil tendem a dar suporte a uma conceptualização socio-ecológica da delinquência juvenil, a qual sugere que esta é multideterminada pela inter-relação recíproca e dinâmica das características do indivíduo e dos sistemas sociais chave (Agnew,...

ver descrição completa

Detalhes bibliográficos
Autor principal: Lemos, Ida Manuela de Freitas Andrade Timóteo (author)
Formato: article
Idioma:por
Publicado em: 2018
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.12/6136
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.ispa.pt:10400.12/6136
Descrição
Resumo:Muitos dos estudos realizados no âmbito da delinquência juvenil tendem a dar suporte a uma conceptualização socio-ecológica da delinquência juvenil, a qual sugere que esta é multideterminada pela inter-relação recíproca e dinâmica das características do indivíduo e dos sistemas sociais chave (Agnew, 2003). Neste artigo, apresentamos os resultados de um estudo conduzido com o objectivo de identificar retrospectivamente, num grupo de adolescentes delinquentes, um conjunto de factores de risco psicossocial, tipologia do comportamento delinquente e história de risco ou adversidade psicossocial na infância. A investigação centrou-se ainda na compreensão da relação entre estes factores e indicadores de sintomatologia psicopatológica. O estudo integrou um total de 63 adolescentes abrangidos pela Lei Tutelar Educativa e os dados foram recolhidos na região sul do país. Como instrumentos de recolha de dados, foram utilizados o Índice Geral de Sintomas (IGS) do Brief Symptom Inventory e um questionário de caracterização construído com base na revisão da literatura sobre os indicadores de risco psicossocial para comportamento anti-social na adolescência, destacando-se a tipologia de risco psicossocial estabelecida por Born, Chevalier e Humblet (1997) e a taxonomia desenvolvimental do comportamento anti-social de Moffit (1993). Os resultados obtidos sugerem que os adolescentes cujos pais apresentam uma relação conflituosa tendem a apresentar um índice de sintomas psicopatológicos significativamente superior ao dos adolescentes cujos pais não revelam conflitos aparentes. No entanto, o relato de psicopatologia não parece ser significativamente superior nos jovens com indicadores de acontecimentos negativos na infância (separações de pais, ausência de figura paterna, institucionalizações, maus-tratos na infância, conflitos entre os pais). No presente artigo são discutidos os resultados obtidos, consideradas algumas limitações do estudo e efectuadas propostas de investigações futuras.