Investigação molecular em 20 doentes com citopatia mitocondrial

Nos últimos 30 anos, um largo espectro de doenças multissistémicas associadas a disfunções da mitocôndria, designando-se globalmente de citopatias mitocondriais, têm sido referenciadas, com sintomatologia desde o período neonatal até à idade adulta. Estas disfunções podem afectar qualquer órgão ou t...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Nogueira, Célia Fernanda Ramos Teixeira (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 1000
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/23126
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/23126
Description
Summary:Nos últimos 30 anos, um largo espectro de doenças multissistémicas associadas a disfunções da mitocôndria, designando-se globalmente de citopatias mitocondriais, têm sido referenciadas, com sintomatologia desde o período neonatal até à idade adulta. Estas disfunções podem afectar qualquer órgão ou tecido do organismo, embora os músculos esquelético e cardíaco, e o SNC sejam os mais afectados, devido à sua elevada dependência do metabolismo energético. Assim se compreende que as formas de apresentação mais frequentes incluam: o quadro miopático, a encefalo(mio)patia e a oftalmoplegia externa progressiva (PEO). Um recente estudo epidemiológico demonstrou que aproximadamente 1 em 10000 indivíduos na população adulta e infantil possuem doenças mitocondriais ou correm o risco de as virem a desenvolver. Estes resultados reflectem que estas doenças são uma causa comum de morbilidade crónica, não estando disponível, até ao momento, nenhuma terapia eficaz. Há mais de uma década que a investigação molecular em patologias humanas relacionadas com disfunções da mitocôndria, tem sido centralizada no DNA mitocondrial (mtDNA). Nos últimos anos, o foco da atenção voltou-se para a pesquisa de mutações no DNA nuclear (nDNA), em genes que codificam subunidades estruturais da cadeia respiratória mitocondrial/ fosforilação oxidativa (CRM / OXPHOS), genes necessários à montagem das mesmas, ou envolvidos na comunicação intergenómica. A grande maioria das proteínas mitocondriais é codificada pelo nDNA necessitando de ser importada para a mitocôndria por mecanismos complexos, que também estão sob o controlo do genoma nuclear. O nDNA codifica também inúmeros factores que controlam a replicação, transcrição e tradução do mtDNA. O principal objectivo deste estudo foi investigar ao nível molecular (mtDNA e nDNA), 20 doentes portugueses, clínica, histologica e/ou bioquimicamente reconhecidos como tendo uma patologia mitocondrial, sendo 12 do sexo masculino e oito do sexo feminino, com idades compreendidas entre os dois e os 66 anos. Dez dos 20 doentes investigados apresentaram mutações pontuais patogénicas já descritas na literatura (tanto nos genes dos tRNAs, como nos genes codificantes de proteínas), e delecções ao nível do mtDNA. Em quatro pacientes foram encontradas cinco novas mutações nos genes dos tRNAs, com relevância patogénica ainda a esclarecer. Três pacientes apresentaram um possível défice da ubiquinona (dois deles confirmados após prova terapêutica). Em dois pacientes com síndrome de Leigh, foram encontrados duas novas mutações no gene de montagem da COX (SURF1), e por último no paciente com défice do CIII da CRM, estão a ser efectuados estudos de ligação familiar ao nível do cromossoma X, com o objectivo de se encontrar o gene envolvido na patologia.