Resumo: | A identificação de madeiras constitui-se como uma disciplina que tem como área de inserção a Biologia, mas que é hoje vulgarmente requerida por áreas tão diversas como a Indústria madeireira, a Engenharia Civil e Estrutural, a indústria das Artes Decorativas, a Criminologia, a História da Arte, a Arqueologia e, no caso específico, a Conservação e Restauro, entre outras disciplinas. A intervenção de conservação e restauro levada a cabo numa escultura sobre madeira policromada e dourada representando Santa Catarina de Alexandria, revelou-se um desafio quer pela qualidade da obra, quer igualmente pelas patologias que esta apresentava. Recorreu-se a testes químicos e a técnicas analíticas como a Microscopia ótica e a Espectrometria de fluorescência de raios-X dispersiva de energias, assim como à identificação da madeira constituinte, obtendo-se um melhor conhecimento acerca das técnicas e matérias utilizadas para a execução da obra. A necessidade de identificação da madeira constituinte, assim como os processos e conhecimentos necessários para a sua obtenção, revelaram-se um ponto de particular interesse, tendo-se por isso tornado no estudo de caso da presente dissertação. O estudo de caso focou-se na identificação da madeira constituinte de um grupo de cinco esculturas flamengas datadas dos séculos XV e XVI, exigindo para tal um amplo levantamento dos conhecimentos teóricos, práticos e materiais necessários à obtenção destas conclusões. Daqui resultou a identificação das obras como constituídas por Castanea sativa, Juglans regia, Quercus spp. e Tilia spp. Partindo-se dos conhecimentos adquiridos durante o desenvolvimento do estudo de caso, concluiu-se que as mesmas técnicas e informações usadas pelos especialistas no âmbito da Biologia para a identificação de madeira, podem ser organizadas e especificadas, com o fim de constituírem dentro do âmbito da História da Arte uma metodologia de análise regular, a par das que são habitualmente aplicadas para a análise da policromia. Com este trabalho objetiva-se a integração desta informação num sistema em que micro amostras de madeira obtidas, não de exemplares recentes e em bom estado de conservação mas, pelo contrário, de objetos que apresentem diferentes níveis de degradação ou que possam apresentar áreas de recolha muito restritas (pelo simples facto de se encontrarem total ou parcialmente revestidos de policromia), possam ser preparadas e analisadas, de forma a que a sua identificação seja mais correta e permita obter resultados mais concretos.
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