Resumo: | Os canais de CNG são geralmente expressos em foto-recetores e em neurónio sensoriais oftativos e traduzem as alterações nas concentrações de cGMP e de cAMP, numa resposta elétrica e/ou num sinal de Ca2+ intracelular. Os CNG são ativados através da ligação direta a nucleótidos cíclicos, cAMP e cGMP. A síntese do monofosfato de guanosina cíclico (cGMP) é controlada por dois tipos de guanilato ciclase (GC) que diferem na sua ativação e localização celular: a CG membranar (pGC) presente na membrana plasmática, a qual é ativada pelo péptido natriuretico, como o péptido natriuretico auricular (ANP); e a GC solúvel (sGC) que esta localizada no citosol e a sua ativação é induzida pelo óxido nítrico (NO). O NO e o ANP usam o cGMP como segundo mensageiro. Existem muitos casos em que a ativação da pGC e da sGC conduz a diferentes efeitos funcionais, uma explicação para esses efeitos funcionais diferentes é o aumento do cGMP em locais subcelulares específicos, regulam diferentes alvos em distintas partes da célula. Estudos recentes realizados pelo nosso grupo em células musculares lisas da artéria umbilical humana demonstraram que a testosterona ativa os canais BKCa e KV devido à ativação da proteína cinase G (PKG). Além disso, o nosso grupo observou que a testosterona e o ANP, mas não SNP (nitroprussiato de sódio), estimula a atividade destes canais de potássio, o que sugere que a testosterona aumenta os níveis de cGMP por ativação pGC. Este estudo também sugeriu que esta hormona relaxa o musculo vascular através da ativação da pGC aumentado o nível intracelular do cGMP. Estes estudos também demonstraram que o ANP aumenta os níveis intracelulares de cGMP pela ativação da pGC e o NO aumenta os níveis intracelulares de cGMP através da ativação da sGC. Neste sentido o objetivo deste trabalho é analisar o efeito vasodilatador da testosterona e analisar a compartimentação do cGMP a nível vascular através da ativação dos CNG sensíveis a cGMP e a possível implicação das fosfodiesterases (PDE). A técnica patch clamp na configuração whole cell foi usada para medir o sinal de ativação dos canais de CNG. As células musculares lisas da artéria umbilical humana são infetadas com o adenovírus WT-CNGA2. Os compostos utilizados foram: ANP (0,1μM e 1μM), SNP (10μM e 100μM), IBMX (3-isobutil-1-metilxantina) (100μM, inibidor não selectivo das PDE), To-156 (1μM, inibidor especifico da PDE5), ciloestamida (10μM; inibidor especifico da PDE3) e Sp-8 ((8- (4-Clorofeniltio)- 3', 5'-monofosfato cíclico de guanosina) (100μM, análogo da molécula cGMP) e testosterona ( 0,1, 1 e 10μM). Analisando os resultados obtidos, observa-se que o ANP, SNP induzem um diferente aumento da ICNG. O sinal do cGMP induzido pelo ANP parece ser controlado pela PDE5 e pela PDE3. Contudo, a administração do SNP parece criar dois efeitos separados, um mais localizado junto à membrana plasmática que é controlado pela PDE3 e pela PDE5, e o outro efeito localizado no interior das células que é regulado apenas pela PDE3. Em relação ao efeito da testosterona, observa-se que esta hormona ativa os CNG e que esta ativação e dependente da sua concentração. Em suma, a distribuição temporal e espacial diferente do cGMP pode contribuir para efeitos específicos do ANP e de dadores do NO na função vascular. A testosterona age pelo aumento do cGMP que induz a ativação da PKG.
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