| Summary: | A construção em terra e, especialmente em taipa, apesar de ter sido uma técnica construtiva muito implementada nas regiões do centro e do sul do país, é hoje quase desconhecida. Não obstante lhe serem reconhecidas características de bom comportamento térmico e acústico, de boa resistência ao fogo e inegável qualidade ecológica, continua a ser uma técnica pouco utilizada e muito pouco estudada. Torna-se, por isso, imperioso e urgente recolher e divulgar os conhecimentos práticos das poucas pessoas ainda vivas que assim construíram, os mestres taipeiros, enquanto a transmissão directa dos seus testemunhos é possível. Com as potencialidades científicas e tecnológicas actualmente disponíveis, podemos e devemos, responsavelmente, aprofundar esse conhecimento empírico. É nessa perspectiva que se apresentam os resultados dos ensaios de caracterização da terra, da Serra de Monchique, utilizada na construção em taipa, designadamente em termos de análise granulométrica e resistência mecânica à compressão, à flexo-tracção e ao corte, na busca do processo de estabilização mais adequado, que possa garantir superior capacidade de resistência face à acção sísmica, questão em que a construção em terra sempre apresentou debilidades. Procede-se à comparação dos métodos tradicionais de reforço estrutural para melhorar o comportamento sísmico, existentes nas construções da Serra de Monchique, com as mais recentes orientações de estudos internacionais nesta área. Apresentam-se, ainda, os efeitos resultantes do sismo ocorrido em 1969, nas edificações em taipa ali existentes, visando uma reflexão sobre o comportamento real destas estruturas, os seus pontos fracos, mas também as suas potencialidades. Pretende-se contribuir para a consciencialização da necessidade de uma regulamentação eficiente e fundamentada, que viabilize a continuidade desta técnica construtiva e que garanta, simultânea e inequivocamente, condições de segurança aos seus utilizadores.
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