Summary: | Em geral, os acontecimentos noticiados pelos meios de comunicação social permanecem no espaço mediático durante pouco tempo. Especialmente na televisão, os acontecimentos aparecem e desaparecem com uma velocidade avassaladora dando lugar a novas notícias. Muitas vezes, os acontecimentos desaparecem do espaço público sem sequer terem chegado ao seu fim transformando a narrativa mediática num discurso feito de fragmentos incompletos. Mas sendo esta a regra geral, alguns casos fazem a excepção e permanecem nos Media durante vários dias e até semanas. Foi o que aconteceu com o Caso da Quinta da Fonte, em 2008. Neste trabalho, procura-se perceber de que modo o acontecimento se manteve prolongadamente sob a atenção da televisão, como foi feita a cobertura jornalística e qual o momento de viragem e passagem do interesse para o desinteresse no caso. Analisaram-se todas as peças jornalísticas produzidas pelas estações de televisão RTP, SIC e TVI, e emitidas nos jornais televisivos das 13h e das 20h, durante o período entre 11 e 31 de Julho de 2008. Concluiu-se que o Caso Quinta da Fonte foi alvo de uma intensa cobertura televisiva durante cerca de 20 dias, com três fases dominadas pelo tiroteio, manifestação junto à Câmara Municipal de Loures e concentração em Frielas. As televisões seguiram estratégias idênticas dando mais voz aos membros da comunidade cigana e seguindo as suas acções. A maior diferença entre as televisões residiu na utilização das imagens de vídeo amador que a RTP usou com maior reserva do que as estações privadas SIC e TVI.
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